A Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu um novo aparelho portátil, sem fio e de preço acessível, que poderá promover mais segurança no tratamento contra o câncer, pois, o dispositivo é capaz de identificar, previamente, qual a dose ideal de medicamentos que o paciente deve receber, evitando a administração inadequada da substância.
Segundo os cientistas envolvidos na pesquisa, cujos os resultados foram publicados por meio de um artigo na revista científica norte-americana IEEE Sensors Journal, a tecnologia visa reduzir os efeitos colaterais dos pacientes durante o tratamento, além disso, o objetivo também é que a terapia não tenha falhas por aplicação equivocada de fármacos.
"Nossa plataforma realiza uma espécie de tratamento prévio de células cancerígenas coletadas de uma biópsia. Com isso, conseguimos determinar a dose e a concentração ideais dos fotossensibilizadores, que devem ser aplicados, posteriormente, no paciente, o tempo necessário de exposição à luz, bem como a intensidade indicada da irradiação", explica autor da pesquisa e doutorando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da EESC, Rodrigo Gounella, em matéria publicada no portal Terra.
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O dispositivo foi criado para terapias que fazem uso de tratamentos com Fotodinâmica (TFD) contra células cancerígenas. Atualmente, esse método já é utilizado no combate ao câncer de pele, não sendo considerado invasivo, pois, elimina de forma acentuada as células da doença por meio da luz, que é direcionada na região do corpo que foi mais afetada pela doença, gerando estímulos aos fotossensibilizadores, que são medicamentos que são ativados por meio de sinais de luz e podem ser administrados via oral, intravenosa ou, até mesmo, por cremes. Para que a terapia seja eficaz e proporcione segurança ao paciente, tanto a intensidade e tempo de irradiação luminosa, como a dose do medicamento precisam ser calculadas de forma exata.
Preço e vantagens
De acordo com Gounella, uma das grandes vantagens do dispositivo é a redução de custos no tratamento do paciente: “Com a sua utilização é possível reduzir os custos do tratamento, evitar desconfortos causados pela terapia e impedir que células sadias sejam mortas, diminuindo os efeitos colaterais”, enfatiza.
O custo aproximado do aparelho é de R$ 400,00, sendo equipado com um sistema de iluminação com 16 leds controlados, que funcionam individualmente. Além disso, ele também é composto por um pequeno computador de alta performance com sistema de comunicação por bluetooth e wi-fi e um conjunto de baterias com duração de 54 horas.
O sistema operacional é controlado por meio de um aplicativo que envia comandos, como, por exemplo, para aumentar ou diminuir a intensidade da luz, em tempo real ao aparelho durante a aplicação da terapia no paciente.
Testes
Na fase de testes, os pesquisadores usaram porções de ácido aminolevulínico, que é um dos principais medicamentos utilizados em terapias fotodinâmicas. Eles aplicaram a substância em amostras celulares, direcionando também a luz.
“Os dados obtidos mostraram que o aparelho foi capaz de determinar a quantidade ideal de medicamento e a dose de luz indicada para matar as células doentes, que foram destruídas após 49 minutos de tratamento”, afirmou o professor e orientador da pesquisa, João Paulo Pereira do Carmo, segundo informação publicada no G1.
Chegada ao mercado
Atualmente, já existem aparelhos com a mesma tecnologia disponível no mercado. Contudo, eles não têm algumas funcionalidades que a novidade dos pesquisadores da USP possui, como, por exemplo: muitos não são portáteis, têm um custo bem mais alto e não conseguem regular a intensidade da luz, entre outras desvantagens. De acordo com os cientistas, a expectativa é de que o aparelho esteja disponível para venda em até dois anos.
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