Dispositivos ingeríveis revolucionam tecnologia em saúde

Dispositivos ingeríveis revolucionam tecnologia em saúde

A Internet das Coisas, (IoT – Internet of things, do inglês) - que já é velha conhecida dos mais atualizados em termos de tecnologia - ganhou um novo aliado: a IoMT – Internet of Medical Things, ou seja, Internet das Coisas Médicas, ou de saúde. Nesse universo estão incluídos os sensores e seus mais importantes representantes: os dispositivos vestíveis (wearables), os embarcados (embedded) e, mais recentemente, os ingeríveis (ingestibles), que já estão revolucionando o setor de saúde e impactam diretamente o segmento farmacêutico.

Segundo o representante sênior na América do Sul do Instituto de Pesquisa Fraunhofer de Nanosistemas Eletrônicos (ENAS), Hernan Valenzuela, os dispositivos ingeríveis são pílulas digitais que oferecem monitoramento e diagnóstico médico de alta qualidade e baixo custo. Os sensores fornecem monitoramento e avaliação médica em tempo real, imagens internas do corpo e muitas outras funções para diagnóstico e gerenciamento farmacêutico e médico. Os ingeríveis são ativados pelos eletrólitos presentes no corpo.

“Os ingeríveis propiciam um impacto positivo no setor de saúde, pelo baixo custo em relação aos tratamentos ou procedimentos tradicionais. Os resultados são transmitidos por telemetria. Sejam pílulas de quimioterapia inteligentes, sensores embarcados ou robôs de busca, é de alta importância a substituição, por eles, de dolorosos tratamentos como quimioterapia, diálise ou análise da atividade estomacal”, defende Valenzuela.

Geralmente ativados logo após sua ingestão, e dependendo de onde será sua ação, os ingeríveis podem ser acionados pelos ácidos estomacais e passam a transmitir dados, por sensores, para dispositivos externos, como smartphones, por exemplo. 

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Eles podem monitorar a ação e as reações de medicamentos no organismo, executar a mensuração de parâmetros fiscos ou mesmo transportar e liberar substâncias medicamentosas em determinados órgãos. Os ingeríveis podem, também, carregar minúsculas câmeras de vídeo, substituindo a colonoscopia e a endoscopia. Há os que, inclusive, são construídos a partir de uma impressora 3D. Sem bateria, a tecnologia atual permite que eles fiquem ativos por um período de até 30 dias.

Vestíveis e outros

Os dispositivos vestíveis - já amplamente difundidos - são incorporados a itens anexados a partes do corpo, como cabeça, pés, braços, pulsos e cintura, para monitorar funções cardíacas, oxigenação, sudorese, glicose e outros. Eles permitem uma rápida análise das funções do usuário, que, em alguns casos, são enviados por telemetria ao profissional de saúde.

“Essa tecnologia está em rápida mudança devido à adoção de novos materiais e novas formas de análise. Tem um crescimento de 20% ao ano, principalmente nos dispositivos de insulina. Aqui podemos destacar alguns dos fabricantes líderes nesta área: Philips, Proteus, Apple, Fitbit, Athos Neurotech, Garmin, Google LLC, Medtronic, Nike, Omron, Polar Electro Ou, Sotera Wireless, Vital Connect, Withings”, lembra Valenzuela.

Os embarcáveis (embeddables) são dispositivos que podem ser inseridos sob a pele ou mais profundamente, em órgãos e tecidos, como o marca-passo cardíaco, por exemplo. Alguns embarcáveis poderão ser inseridos, em futuro próximo, para monitorar os níveis de açúcar no sangue em diabéticos, entre outras aplicações.

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A maior revolução em saúde

A professora, doutora, assessora especial do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Regiane Relva Romano, é pesquisadora e professora de tecnologias emergentes. Ela afirma: “estamos no meio de uma revolução, a maior que a humanidade já passou! Nunca tivemos tantas mudanças em tão curto período! Os negócios estão se virtualizando e se transformando em serviços. É o que chamam de ‘Uberização dos Negócios’. A saúde não ficará de fora!”.

É fato que algumas tecnologias estão transformando a maneira como se vive, trabalha, estuda, compra e, essencialmente, como as pessoas se cuidam. Ninguém deseja, efetivamente, comprar medicamentos. O que se quer é comprar soluções para um determinado problema de saúde. Regiane afirma que, ao ir a uma farmácia, são solicitadas algumas informações, como CPF, convênio médico, endereço, nome do médico, entre outros. “Isso acontece para nos proporcionar um serviço diferenciado e personalizado! A personalização é a nova tendência do varejo, e na saúde ela é imprescindível”.

Ela questiona o fato de o consumidor ser obrigado a adquirir uma caixa inteira de medicamentos, quando só precisará de um ou dois comprimidos. “Por que temos de comprar medicamentos padronizados, se cada organismo é único e reage de uma forma?, indaga.

Para Regiane, a resposta estaria na IoMT, que já está começando a transformar o segmento da saúde e se intensificar por meio dos ingeríves. Ela lista um arsenal de possibilidades que já estão beneficiando os pacientes: a informação está a um clique de distância, a inteligência artificial (IA) está cada vez mais aperfeiçoada, os exames de DNA são complexos e mais baratos (e podem informar até mesmo o que não se quer saber), a manufatura aditiva (que já permite a impressão de órgãos humanos para evitar rejeição), o avanço dos exames (principalmente integrados à visão computacional e à IA) e mais uma parafernália de sensores, atuadores, soluções de rastreabilidade - como RFID (identificação por radiofrequência).

Patentes

De acordo com Valenzuela, a presença no mercado mundial de vestíveis ou ingeríveis está diretamente relacionada com as patentes colocadas e o interesse dos fabricantes. Certamente, se não houver empresas brasileiras patenteando produtos nesse segmento, o brasileiro vai fazer uso de dispositivos importados.

Tanto o farmacêutico como toda a comunidade médica devem se atualizar e aprender a interpretar os resultados enviados pelos dispositivos ingeríveis. “A eletrônica ingerível é um complemento, hoje, das atividades da indústria química, portanto, devem continuar separadas e trabalhando em cooperação”, defende ele, que acredita que os dispositivos vestíveis podem chegar a um alto índice de venda direta ao consumidor, mas isso não deve acontecer da mesma forma com os ingeríveis, por razões de segurança, ao menos por enquanto.

Exemplo na área oncológica

A empresa americana Proteus desenvolveu o modelo de tratamento para medicamentos oncológicos orais digitais, com o sensor ingerível, em cooperação com a University of Minnesota Health e Fairview. É o primeiro sistema de saúde no mundo a utilizar capecitabina digital, um medicamento quimioterápico comum que, atualmente, está sendo usado para ajudar no tratamento de pacientes com câncer colorretal nos estágios 3 e 4.

O oncologista da Universidade de Minnesota e hematologista, Edward Greeno, afirmou: “A quimioterapia oral digital da Proteus fornece uma conexão muito mais direta com o paciente. Isso cria uma maneira de conseguirmos muitas coisas que acontecem quando um paciente está na clínica para infusões sem que elas venham pessoalmente. Além disso, podemos aprender coisas sobre o paciente que não podemos aprender em uma visita ao consultório, como o paciente está fazendo seu regime de tratamento em casa, diariamente”.

O programa digital de medicamentos ajuda a otimizar as formas de tratamento. Ele captura, registra e compartilha, com segurança, informações sobre tempo, dose e tipo de medicamento quimioterápico oral utilizado. Essas informações, bem como os dados sobre repouso, atividade e frequência cardíaca em repouso, podem ser compartilhadas com o farmacêutico, o médico ou outro profissional de saúde.

"Atualmente, os provedores tomam decisões sobre quimioterapia oral com base no melhor conhecimento dos pacientes sobre o uso de medicamentos", disse o CEO e cofundador da Proteus Digital Health, Andrew Thompson. “Pela primeira vez, os medicamentos oncológicos digitais oferecem aos prestadores de cuidados novos conhecimentos e capacidade de se envolver com informações mais específicas no tratamento remoto de pacientes com câncer colorretal. Com base em nossos dados sobre o uso de medicamentos digitais em outras áreas de tratamento, acreditamos que isso permitirá que os pacientes oncológicos permaneçam em terapia por mais tempo, evitem internações e tenham melhor resposta à terapia em geral”.

"Dado os custos, a complexidade e o risco de toxicidade da quimioterapia oral, a medicina oncológica digital é um empolgante avanço no tratamento do câncer", diz Paul Morales, PharmD, BCOP, gerente da Fairview Infusion Pharmacy no Centro de Cirurgia e Clínica da Saúde da Universidade de Minnesota. “Para os farmacêuticos, isso nos ajuda a identificar pacientes que podem estar lutando para tomar seus medicamentos corretamente e intervir, por exemplo, telefonando para explicar como avançar com segurança se eles não tomarem uma dose”.

“A expansão do suporte da Proteus para medicamentos digitais na área de tratamento oncológico não é apenas importante para pacientes e prestadores de serviços, mas também será um fator decisivo para o setor que desenvolve terapias destinadas a, um dia, erradicar o câncer”, disse a diretora sênior da Proteus, Olivia Ware. Ela foi nomeada uma das mulheres mais influentes de 2019 pela Savoy Magazine na América corporativa.

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