Substância psicodélica é aprovada pela Anvisa para tratamento da depressão

Substância psicodélica é aprovada pela Anvisa para tratamento da depressão

Considerada um avanço no tratamento da depressão, a cetamina, uma substância psicodélica que age diretamente no sistema nervoso central e altera a função cerebral, acaba de ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso no Brasil, revelou a revisa Época.

A cetamina é uma droga dissociativa utilizada há muitos anos para anestesia e analgesia e autorizada no Brasil. Porém, alguns médicos têm utilizado a substância de forma diferente do que está na bula, o que é chamado de off label, e administrado para depressão refratária. O uso terapêutico de psicodélicos como a cetamina no País começa a avançar, mesmo que vagarosamente.

O que a Anvisa aprovou na segunda semana de novembro (cloridrato de escetamina) é um passo nesse sentido, conforme revelou a reportagem. Trata-se de um medicamento em forma de spray nasal para tratar pacientes com depressão grave. Segundo a Anvisa, o novo medicamento deverá ser administrado exclusivamente em um hospital ou numa clínica especializada e na presença de um profissional da saúde, conforme apurou o G1.

De acordo com os especialistas, a decisão do órgão regulador, divulgada sem alarde, é a ponta do iceberg de uma revolução em curso nas áreas da farmacêutica e da psiquiatria. Batizado de Spravato, o spray foi desenvolvido pelo Serviço de Psiquiatria do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e patrocinado pela Janssen, pertencente ao grupo Johnson & Johnson. Com ação quase imediata, o medicamento tem como base a molécula escetamina, princípio derivado da cetamina.

Um dos pesquisadores do estudo que o aprovou, o professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da UFBA Lucas Quarantini, disse à revista Época que, para “quem não é do meio”, pode ser muito “chocante” utilizar terapeuticamente uma “droga alucinógena com potencial dissociativo”.

Mas reforça que os estudos com essas substâncias têm demonstrado que há segurança na utilização. “Não é uma apologia ao uso recreativo. Nosso objetivo ao pesquisar é trazer uma alternativa para quem sofre, mas com rigor científico, jamais sem evidência científica”, afirmou Quarantini.

Ainda de acordo com o professor, o spray regulamentado pela Anvisa é indicado para pessoas resistentes a dois tratamentos prévios de depressão unipolar e para pacientes em risco iminente de suicídio. Segundo ele, o Spravato é o primeiro fármaco regulamentado que pode proporcionar melhora nas primeiras horas após o uso.

Como tratamento, são indicadas, no mínimo, oito sessões do spray. “Do ponto de vista da segurança, é um avanço. Existe uma certificação que impede um uso não controlado. Os dispositivos nasais já vêm com a quantidade exata para a administração. Isso reduz a margem de uso abusivo. E há uma fiscalização”, esclareceu Quarantini.

Médicos que optam pelo uso off label de medicamentos, como o caso do psiquiatra Ivan Barenboim, que há cinco anos utiliza a cetamina no tratamento de pessoas com depressão refratária, dizem não terem observado efeitos colaterais. Barenboim fez sete mil infusões.

“O uso off label é muito comum na medicina. A clínica demanda coisas que a ciência ainda não respondeu completamente ou que a burocracia não resolveu. Enquanto isso, as pessoas precisam de tratamento. Cerca de 40% das que se tratam para depressão no Brasil não melhoram com tratamento convencional”, salientou Barenboim à reportagem.

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 “É preciso separar a cetamina dos outros psicodélicos. Ela já é usada em medicina há 60 anos. É muito segura”, completou. Entre os efeitos adversos, que ele classifica como suaves, há a sensação de estar fora do corpo, náusea e, em alguns casos, aumento leve da pressão arterial e da frequência cardíaca. Por isso, é necessário que seja administrada em condições controladas. Além disso, há riscos em pessoas com sintomas psicóticos, casos que a cetamina não é indicada, assim como em pacientes cardíacos.

Tendo em visa ser ainda um tratamento inovador, o spray nasal para depressão deverá ter um custo inicial elevado no mercado. A doutora em psicofarmacologia, farmacêutica e bioquímica Tharcila Chaves, que estuda a cetamina há oito anos na Holanda, revela que cada sessão com o Spravato custe entre U$S 4 mil (R$ 20,4 mil) e US$ 6 mil (R$ 30,5 mil) no país.

“Os psicodélicos são para a psiquiatria o que os antibióticos foram para microbiologia, para o tratamento de doenças infectocontagiosas. Além da cetamina, pesquisas com psilocibina, LSD, MDMA, têm resultados impressionantes. Está acontecendo e não vai parar mesmo. É uma revolução incrível. É o maior avanço da psiquiatria nos últimos 50 anos”, frisou Tharcila à Época.

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