Considerado uma economia de renda média alta pelo Banco Mundial, a África do Sul tem um mercado emergente. A economia sul-africana é a segunda maior do continente (atrás apenas da Nigéria). O país tem três capitais: Pretória, onde há a administração oficial (governo, tribunais, presidência e parlamento) e é a sede do Poder Executivo; Cidade do Cabo (sede do Poder Legislativo); e Bloemfontein (sede do Poder Judiciário). A moeda na África do Sul se chama Rand (R).
Multiétnico, o país possui as maiores comunidades de europeus, indianos e mestiços da África e tem 70% da população sul-africana composta por negros. Sua população é de quase 55 milhões, com PIB Per capita de US$ 12.721 (R$ 39,5 mil). No entanto, cerca de um quarto da população está desempregada e vive com menos de US$ 1,25 por dia.
O farmacêutico, Kenny Baker, é proprietário da Springbok Pharmacy, em Alberton. Sua farmácia ocupa uma área de 4 mil metros quadrados em dois pisos de um dos maiores shoppings da região, e emprega mais de 150 pessoas.
Ele diz que Springbok é a maior farmácia independente do hemisfério sul e a principal farmácia de desconto da África do Sul. Ele emprega 10 farmacêuticos qualificados, 8 assistentes de farmacêuticos registrados, além de pessoal especializados em homeopatia e remédios naturais, nutricionistas, esteticistas, enfermeiros e pessoal de vendas e administrativo.
A estrutura de sua farmácia conta com diversos departamentos que funcionam quase como empresas separadas, ou seja, lojas dentro da loja: cosméticos, produtos de higiene pessoal e fragrâncias, remédios homeopáticos e naturais, suplementos desportivos, calçados especializados, equipamentos cirúrgicos e auxiliares para deficientes, serviços clínicos, medicamentos prescritos e de venda livre etc.
“Os negócios estão difíceis na África do Sul, principalmente devido à situação econômica ruim. Os consumidores têm cada vez menos renda disponível para o consumo”, comenta Baker. Por conta disso, ele explica que é quase impossível uma farmácia progredir apenas com a venda de medicamentos.
“Os preços de medicamentos listados são determinados pelas Assistências Médicas - todos os medicamentos programados têm um único preço de saída, e não é permitido desconto ou bônus. Podemos adicionar 26% chegando até a R26,00 (referente a R$ 6,34) como lucro por item, independentemente do custo do medicamento. Como não é possível lucrar mais de R26,00 por item, confiamos em volumes para permanecer no negócio”, explica o farmacêutico empresário.
Ele lamenta que as farmácias independentes estejam desaparecendo rapidamente na África do Sul, pois estão sendo compradas por grupos empresariais ou apenas fechando suas portas. Apenas os maiores independentes, como Springbok, ainda conseguem sobreviver, porque tem uma grande base de clientes que construiu nos seus 54 anos de existência. “Nós não temos dívidas. Oferecemos uma grande variedade de produtos não médicos e anunciamos agressivamente a cada mês. Esse é nosso segredo de sucesso”, revela Baker. É ele quem dá mais detalhes sobre a legislação farmacêutica em seu país. Acompanhe:
1 – Regulamentação do setor farmacêutico
A regulamentação do segmento farmacêutico na África do Sul, que inclui a farmácia, os medicamentos e o farmacêutico, é feita pelo South African Pharmacy Council (SAPC), baseada na Lei 53 de 1974 daquele país.
Legalmente há suporte para venda de itens alheios à farmácia nos estabelecimentos, que podem trabalhar como drugstores. Nesse tipo de loja se vende de tudo! Há também o modelo de estabelecimento de saúde, como no Brasil, onde se vendem somente medicamentos e itens de higiene pessoal e cosméticos. No entanto, segundo o entrevistado, com as baixas margens em medicamentos praticadas no país, poucas farmácias podem ser sustentadas vendendo apenas remédios.
Para entender a disposição dos produtos dentro de uma farmácia na África do Sul, vale mencionar que os medicamentos estão divididos por categorias. Por exemplo, a categoria 0 compõe os medicamentos que podem permanecer disponíveis no autoatendimento. As categorias de 1 a 6 são compostas por medicamentos que não ficam diretamente acessíveis ao público, e são mantidos atrás do balcão. A categoria S3 e acima são vendidas apenas com uma prescrição médica.
2 - Prescrição de medicamentos
Não há a prática de prescrição por farmacêuticos. Entretanto, há uma prestação de serviços muito consistente. Como exemplo, vale citar a farmácia Springbok, que mantém equipe de enfermagem para dar suporte aos farmacêuticos nos serviços de saúde básicos e que também está licenciada para a venda de medicamentos nível S4. Na clínica, são oferecidos os seguintes serviços:
- Triagem de sangue
- Medição da pressão arterial
- Planejamento familiar
- Vacinações
- Gerenciamento de peso
- Cuidados com feridas avançadas
- Cuidados com o Diabetes
- Saúde geral
- Saúde materno-infantil
- Aconselhamento para HIV
- Saúde da Mulher
- Colocação de brincos
- Laboratório de testes rápidos
3 - Propriedade da farmácia e presença do farmacêutico
Não há restrições com relação à propriedade de uma farmácia, no entanto, somente o pessoal registrado no SAPC (farmacêuticos e assistentes) pode lidar com medicamentos.
É obrigatória a presença de um farmacêutico responsável em serviço em todos os momentos em que a área da farmácia esteja funcionando. As compras de todos os medicamentos devem ser registradas juntamente com as informações do usuário.
4 - Remuneração do farmacêutico
A moeda na África do Sul se chama Rand (R). Os salários dos farmacêuticos variam de acordo com a experiência e seu papel dentro da farmácia (ou seja, se é de dispensação ou gerencial). Os salários médios variam entre R40.000 a R60.000 (de R$ 9.700,00 a R$ 14.500,00), mas há aqueles mais experientes e de nível gerencial que chegam a ganhar R70.000 (R$ 17.000,00) por mês.