Você imagina como funciona a farmácia na Austrália do outro lado do mundo? Na produção do Anuário Mercado Farmacêutico do ICTQ de 2016, o ICTQ buscou conhecer o habitat do farmacêutico nesse país de colonização inglesa, com o Dr. Charlie Benrimoj.
Benrimoj é farmacêutico, diretor da Universidade de Tecnologia de Sidney - Austrália, em sua entrevista exclusiva ao ICTQ ele revela como funciona o comércio e a profissão farmacêutica em seu país. Confira os principais destaques que se assemelham e outros que se diferenciam dos aspectos encontrados no Brasil.
- Responsabilidade do farmacêutico na farmácia
Na Austrália o farmacêutico, além de dispensar, prescreve alguns medicamentos e oferece assistência e acompanhamento de doenças crônicas, tendo também a permissão de dar vacinas e administrar injetáveis de modo geral. A abrangência de sua atuação é bem ampla na rede comunitária. Ele é considerado um importante elo na cadeia da saúde do país.
- Propriedade da farmácia
Na Austrália a propriedade da farmácia é exclusiva de farmacêuticos diplomados em todos os estados. A farmácia fica aberta ao público durante 52 horas por semana e o proprietário trabalha cerca de 50 horas semanais. Cada farmacêutico pode ser proprietário de até quatro estabelecimentos.
- Permanência do profissional na farmácia
As farmácias funcionam sob a responsabilidade e com a assistência diária e permanente do farmacêutico diretor-técnico, que pode ser auxiliado por farmacêuticos assistentes e colaboradores. Há cerca de 18 mil farmacêuticos no país.
Os medicamentos de venda sem a receita médica correspondem a 50% do volume total de venda das farmácias, que são os únicos estabelecimentos autorizados a preparar, distribuir e vender medicamentos. O receituário médico participa com 47,2% do total.
- Possibilidade de prescrição
Os farmacêuticos são preparados para a prescrição na maioria dos estados.
- Localização dos medicamentos
Na Austrália há três classes de medicamentos: Classe 1 – só podem ser vendidos pelo farmacêutico em local restrito. Classe 2 - só podem ser vendidos na farmácia, sem a necessidade da intermediação do farmacêutico, portanto, ao acesso da população, nas gôndolas. Os medicamentos da Classe 3 podem ser vendidos em qualquer lugar (supermercados, por exemplo), como o paracetamol e outras substâncias para males estomacais, xaropes, entre outros, mas todos em embalagens pequenas.
- Remuneração dos serviços farmacêuticos
Nas farmácias de dispensação há o lucro normal da comercialização de medicamentos e produtos de higiene, beleza e cosméticos.
No entanto, vem crescendo a consciência de que o papel do farmacêutico é clínico e, por isso, pode prestar esse serviço para melhoria da qualidade de vida da população de forma remunerada. Assim, no ano 2.000 os farmacêuticos começaram a receber pelos serviços, e isso impulsionou o desenvolvimento dessa prática.
Na Austrália há um pagamento fixo para dispensação, uma taxa de manuseio de cerca de R$ 27,00. Há também um pagamento fixo pelos serviços de envio de medicamentos para idosos e pessoas em asilos. Há pagamento para a revisão dos medicamentos no lar e para pessoas em áreas rurais. A remuneração também acontece para acompanhamento de pessoas com diabetes (ajuste de dosagem) e outras doenças crônicas e para administração de problemas relacionados a medicamentos.
O paciente não paga a consulta. É o governo que paga ao farmacêutico. Por uma consulta de 20 minutos ele recebe o valor relativo a R$ 160,00. Para acompanhamento de pacientes com diabetes a consulta custa R$ 240,00. Já para seguimento de problemas relacionados a medicamentos o serviço custa cerca de R$ 14,00 e a revisão clínica do paciente sai por R$ 517,00.