As grandes redes de varejo farmacêutico faturaram R$ 103,14 bilhões no ano passado, alta de 14,2% em relação a 2023. Já o número de unidades das associadas cresceu 8,17%, somando 11.244 lojas em dezembro. Os dados, divulgados pela Associação Brasileira das Redes de Farmácia e Drogarias (Abrafarma), reforçaram o desempenho resiliente do varejo farmacêutico brasileiro, embora indiquem uma desaceleração ante o crescimento de 17% no período anterior.
O presidente da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto, afirma que o desempenho está de acordo com o esperado e reflete investimentos das associadas, que respondem por 12% do faturamento nacional.
Na categoria de medicamentos com prescrição, a participação é de 48%. “As empresas estão investindo cada vez mais em eficiência operacional e as associadas da Abrafarma já contam com 50 centros de distribuição e compram direto da indústria”, afirma ao Valor.
O ranking das maiores empresas da Abrafarma foi encabeçado pela Raia Drogasil, companhia que controla as redes Drogasil e Droga Raia. Os dados divulgados pela entidade não detalham o faturamento das redes nem o número exato de lojas de cada uma, mas as informações constam nos relatórios de resultados das companhias que possuem capital aberto.
A RD somou receita bruta de R$ 41,71 bilhões entre janeiro e dezembro, alta de 15,1% em relação ao mesmo período de 2023. A vice-colocada foi a Pague Menos, cujo faturamento cresceu 13,5% no comparativo anual e somou R$ 13,57 bilhões. Já a terceira colocada foi a Drogaria Pacheco São Paulo (DPSP), seguida pelas gaúchas Farmácias São João e Panvel, respectivamente.
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O desempenho das grandes redes regionais, segundo os dados da Abrafarma, foi um destaque do último ano. A Drogal, com atuação no interior de São Paulo e Minas Gerais, avançou duas posições em relação a 2023 e alcançou a oitava colocação dentre as que mais faturam. “As redes regionais são bem-sucedidas porque conhecem a realidade local, mas se não há eficiência operacional e não investem em aspectos de transformação digital, por exemplo, elas deixam de ser competitivas diante das redes nacionais”, diz Mena Barreto.
Um desafio para o setor nos próximos meses, na avaliação da Abrafarma, é o projeto de lei que autoriza a venda de remédios em supermercados. Barreto participou na última quarta-feira (11) de uma audiência pública, no Senado Federal, que debate a autorização para venda dos medicamentos isentos de prescrição (MIPs) no varejo alimentar.
Para o presidente da Abrafarma, o debate sobre a questão não deve ser guiado por aspectos econômicos e sim por aspectos de saúde pública. Mena Barreto afirma que uma nova categoria de estabelecimentos de venda pode aumentar as taxas de abandono de tratamentos para doenças crônicas, apesar da autonomia do paciente em adquirir os remédios sem prescrição na farmácia.
“Cerca de 43% dos pacientes abandonam o tratamento de doenças crônicas e usam medicamentos isentos de prescrição para amenizar os sintomas. Não dá para comparar o paciente brasileiro com o paciente europeu, que já está educado em relação a automedicação, por exemplo, ou com o paciente dos Estados Unidos, que são um horror sanitário em relação à supermedicação”, afirma.
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