Apesar do uso indiscriminado, canetas para obesidade ficam fora do top 10 de vendas no Brasil

Os medicamentos tradicionais para tratamento de diabetes e hipertensão arterial lideram a lista dos remédios mais vendidos no Brasil neste ano, de acordo com dados da consultoria IQVIA e da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos) obtidos pelo Valor.

O Glifage XR, marca de referência de metformina da Merck, é o líder de vendas segundo a lista geral da IQVIA. O medicamento para diabetes somou 131,8 milhões de unidades comercializadas entre janeiro e maio.

Já a lista dos genéricos é encabeçada pela molécula losartana, usada contra a hipertensão arterial, com 56,4 milhões de caixas vendidas até abril. O ranking de dez mais vendidos da PróGenéricos é composto por vários outros medicamentos para pressão alta, como enalapril, atenolol e anlodipino, além do diurético hidroclorotiazida.

Para o presidente-executivo da PróGenéricos, Tiago de Moraes Vicente, as categorias líderes de vendas no Brasil explicitam o tamanho do mercado para os chamados análogos do GLP-1, categoria de canetas injetáveis como Ozempic e Wegovy.

“Muito do que vemos do perfil de consumo está ligada à distribuição demográfica da população, e o aumento da expectativa de vida e da busca de qualidade de vida também. Há 100 anos se morria de fome, e hoje em dia, se morre por problemas decorrentes da obesidade. Obviamente, isso inclui hipertensão e diabetes”, afirma o executivo.

As estatísticas do mercado brasileiro ainda não refletem a crescente popularidade global das canetas injetáveis para tratamento de diabetes e obesidade. De acordo com dados da IQVIA, o Ozempic faturou o equivalente a R$ 3,13 bilhões nos 12 meses findos em outubro de 2024. Medicamentos maduros para diabetes, como a metformina e a dapagliflozina, completam o pódio, enquanto as canetas Saxenda e Wegovy estão em oitavo e décimo lugar, respectivamente.

Moraes Vicente afirma que o segmento já está no radar da indústria nacional e destaca o desenvolvimento do primeiro similar brasileiro da liraglutida, o Olire, da EMS, cujo lançamento está previsto para agosto deste ano. Um dos obstáculos para a indústria nacional, segundo o presidente da PróGenéricos, é a judicialização de períodos de patente. “O Mounjaro [tirzepatida] já está sendo pesquisado para quando o prazo patentário se encerrar”, afirma.

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Analistas do setor apontam, porém, que a substituição de produtos tradicionais para diabetes pelas canetas injetáveis não é um caminho óbvio. O primeiro obstáculo, de acordo com o sócio da Lek Consulting para a área de saúde, Rafael Freixo, é a diferença de preço entre drogas consolidadas e as novas tecnologias. A expectativa é que o fim das patentes reduza os preços dos medicamentos, mas ainda não é possível prever o impacto.

As categorias líderes de vendas no país explicitam o tamanho do mercado para os chamados análogos do GLP-1

“Há uma parcela da população que consegue pagar e vai eventualmente migrar para um medicamento dessas tecnologias. Se há uma demanda mais sensível a custo, esse paciente pode não ir necessariamente para a semaglutida, por exemplo, e optar pela liraglutida, que é uma molécula mais antiga”, explica.

Na avaliação de Freixo, o avanço das canetas injetáveis no Brasil está dentro do esperado, considerando o fator de tíquete médio e a exigência de retenção de receita médica para venda.

Essa também é a análise do especialista em saúde da IGC Partners, Frederico Toledo. “Recentemente, o Mounjaro [produzido pela Eli Lilly ] teve o uso aprovado para controle de obesidade, o que deve facilitar a prescrição médica para esta finalidade. Com a regularização do uso na bula e a entrada de medicamentos similares no mercado, é provável que os preços caiam e a adesão aumente”, afirma.

Além disso, a própria popularidade acima do esperado pode explicar, parcialmente, um ritmo mais modesto dos volumes dos análogos de GLP-1 no Brasil. A Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, reportou diversas vezes ao longo de 2023 e 2024 a “disponibilidade intermitente” do medicamento.

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A principal razão era a demanda acima do esperado, especialmente no caso de pacientes que compravam o medicamento - inicialmente estudado para diabetes - para auxiliar na perda de peso. A Novo Nordisk, agora, garante que não haverá desabastecimento do produto.

A companhia anunciou em abril o maior investimento de sua história, de R$ 6,4 bilhões, para construção de uma unidade fabril para produção dos medicamentos na fábrica de Montes Claros (MG). A expansão das instalações deve ser concluída em janeiro de 2027 e prevê dobrar o tamanho das linhas atuais, para 74 mil metros quadrados.

No início de junho, a Novo Nordisk reduziu os preços dos medicamentos à base de semaglutida entre 9% e 20%, afirmando que a medida ampliaria o acesso aos medicamentos. De acordo com a gerente geral no Brasil, Isabella Wanderley, a redução de preços foi possível após a normalização do abastecimento global do princípio ativo.

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