João Adibe, presidente da Cimed, nunca esteve tão confiante. Na liderança da quarta maior companhia farmacêutica do país, o executivo coleciona planos, desde iniciativas para multiplicar o faturamento de cerca de 3 bilhões de reais para 10 bilhões de reais em 2030 até o lançamento de produtos que possam inundar as gôndolas das drogarias. Fundada em 1977 pelo pai de Adibe, João de Castro Marques, a companhia está presente em 70 000 pontos de venda e tem 600 produtos no catálogo, entre medicamentos, vitaminas e opções de higiene e beleza. Adibe quer mais. “O nosso objetivo é oferecer tudo aquilo que se vende dentro de uma farmácia”, afirma. “Queremos estar presentes na vida de uma pessoa do momento em que nasce até a hora em que morre.” No curto prazo, a Cimed destinará 2 bilhões de reais para fábricas e 1,5 bilhão de reais para ações de marketing e lançamento de produtos. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.
Como foi a construção da Cimed? Começamos com uma empresa familiar pequena, em que todo mundo fazia de tudo. A Cimed foi montada dentro de uma filosofia de atender o pequeno varejista e, a partir daí, escalar esse modelo. O Brasil é gigantesco e nós conseguimos ser uma empresa nacional com pensamento regional, o que poucas companhias fizeram.
Sendo uma empresa familiar, de que modo vocês prepararam a sucessão? Em 2017, quando meu pai, por opção dele, acabou saindo da empresa, eu e minha irmã tínhamos papéis complementares e começamos uma estruturação, trazendo pessoas para liderar aquilo que a gente não sabe, para transformar essa empresa familiar com uma visão executiva. Eu e minha irmã somos os funcionários mais antigos. Eu tenho cinco filhos e a Karla (Marques Felmanas, vice-presidente da Cimed) tem três. Dos oito, seis já trabalham na companhia.
O que será feito para acelerar o crescimento da empresa? Nosso objetivo inicial era estar entre as dez principais companhias do mercado. Quando batemos o terceiro bilhão de reais, traçamos o segundo plano, que é chegar ao quinto bilhão em dois anos. Isso quer dizer que nosso planejamento estratégico é de dois anos? De visão, sim, porque o cenário no Brasil muda muito. Ao mesmo tempo, estamos entrando na nova era, que é avançar para um faturamento de 10 bilhões de reais até 2030. Isso virá de novas fábricas, novos canais e mais tecnologia.
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A Cimed atua no segmento de medicamentos e de consumer health, que reúne remédios sem prescrição e produtos de higiene e beleza e nutrição. Por que atuar em todas as frentes?
O nosso objetivo é o seguinte: oferecer tudo aquilo que se vende dentro de uma farmácia, seja medicamento, produto de higiene e beleza ou nutrição. Queremos estar presentes na vida das pessoas desde o momento em que elas nascem até a hora em que morrem. É disso que estamos falando quando temos desde uma marca de lenço umedecido ou uma pomada para assadura de bebê até o produto de uso contínuo que vai até o fim da vida.
A empresa prevê investir bilhões de reais nas fábricas. O que será feito? É um montante destinado para tudo, desde crescimento de fábrica, até investimento em tecnologia, novos produtos e novos canais Como eu posso crescer no mercado se eu não aumento a capacidade produtiva?
Como está o desenvolvimento de medicamentos da Cimed? Temos uma esteira, dentro da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), de mais de 150 moléculas. Um novo produto, a partir da hora em que você inicia os estudos, leva pelo menos cinco anos até o registro final. Trabalhamos com o objetivo de ter, no mínimo, dez produtos e, no máximo, quinze por ano.
Isso vale principalmente para medicação. Em consumo, a história é outra.
Por que é diferente para o segmento de consumo? Porque o produto nasce e desaparece, dependendo da tendência, em dois anos. É uma indústria agressiva, que exige inovação permanente, ao contrário do que ocorre com a área de medicamento. Nesse caso, é diferente. As indústrias farmacêuticas brasileiras vivem basicamente de queda de patente. Mas, mesmo caindo a patente, você tem que fazer todos os estudos de bioequivalência e de
biodisponibilidade para comprovar que o produto fabricado é exatamente igual ao da referência.
Qual é a estratégia para a área de consumo? Gostamos de “construir” prateleira e não “destruir” prateleira. “Destruir” prateleira é fazer exatamente o que já existe e diminuir o preço. Eu não gosto disso. Eu gosto de trazer o consumidor que está lá dentro para uma experiência diferente.
Há alguma nova área que a empresa pretende desbravar no futuro próximo ou que ao menos desperte algum interesse?
Vamos entrar no segmento de oral care (cuidados bucais), com enxaguante e creme dental. É uma categoria muito importante no Brasil, um mercado imenso, mas que está na mão de algumas multinacionais. Também acho relevante mencionar o segmento de baby care (cuidados para o bebê). Nesse caso, pretendemos ampliar o nosso escopo além das tradicionais pomadas para assaduras. . No ano passado, compramos uma empresa de lenços umedecidos, a R2M. Com esses negócios, passamos a disputar espaço com empresas muito grandes, como a Johnson & Johnson, e vamos criar novas linhas de produtos para bebês.
Além da R2M, a Cimed tem planos de realizar novas aquisições? Estamos abertos a oportunidades, desde que seja possível conectar a empresa ao nosso negócio e ter um crescimento expressivo com ela. Não adianta trazer um negócio muito pequeno porque ele também não tem capacidade de crescimento dentro da nossa estrutura.
Sempre estamos de olho (em oportunidades), desde que a companhia contribua para acelerar a nossa capacidade produtiva.
Além dos 2 bilhões de reais que serão destinados para fábricas, mais 1,5 bilhão de reais deverão ser vertidos para ações de marketing. Como vai funcionar essa iniciativa? As ações de marketing serão destinadas principalmente ao lançamento de novos produtos, incluindo a expansão do (suplemento alimentar) Lavitan para outros formatos, como bebidas e alimento nutritivo. O Lavitan é uma marca avaliada em 500 milhões de reais. Queremos que ela alcance rapidamente o primeiro bilhão de reais.
Como a Cimed vê a onda de medicações para emagrecimento? Eu acho que toda nova molécula é um desafio para a indústria farmacêutica. Mas o que temos que lembrar sempre é onde estão as oportunidades. A patente (do Ozempic) ainda não caiu. No dia em que a patente cair, é óbvio que nós vamos querer entrar na categoria. Hoje, são medicações caríssimas e inacessíveis para a maioria das pessoas, mas certamente haverá uma possibilidade de desenvolvimento.
Um aspecto que chama muito a atenção é o nível de penetração da Cimed nas redes sociais. Por que a empresa decidiu adotar esse caminho? Muitas companhias esquecem de valorizar os seus próprios funcionários. Mas são eles que vão engajar o time e promover os produtos. É isso que está no cerne do trabalho de um vendedor
"porta a porta", o senso de comunidade.
Também é preciso dizer que somos uma empresa com um perfil digital já consolidado.
Nós somos próximos das pessoas e do varejo.
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