Os 29 sintomas clínicos que só o farmacêutico mineiro reconhece

Com dimensões continentais, o Brasil ostenta uma diversidade linguística ímpar e que, muitas vezes, pode ser considerada uma barreira para o entendimento entre os habitantes de diferentes localidades. Quem já ouviu falar em dor na cacunda? Dor na pá? Expressões como estas podem não ser comuns em algumas regiões, mas são bem compreensíveis entre os habitantes de Minas Gerais, por exemplo, que é um dos maiores Estados nacionais.

Aliás, a riqueza de expressões usadas pela população de Minas Gerais é digna de destaque. A começar pelo trem...já que tudo no Estado é chamado de trem! Brincadeiras à parte, segundo dados da Associação Brasileira de Linguística (Abralin), há basicamente dois níveis da fala, da formalidade e o de informalidade. O padrão formal está diretamente ligado à linguagem escrita, que não difere de maneira significativa. Já as variações regionais são os chamados dialetos, que são as marcas determinantes referentes a regiões diversas e que sofrem diferenciações mais expressivas.

O professor do ICTQ, Léo Marcio de Almeida Silva, é mineiro e farmacêutico clínico. Já morou em Leopoldina, Barbacena, Juiz de Fora e Ubá, todas cidades daquele Estado. Ele concorda que as características bem específicas de linguagem e ações são muito marcantes nas diversas regiões do Brasil, por se tratar de um País com vasta extensão territorial e variações marcantes de clima, cultura e interferência de imigrantes. “No caso da linguística, devemos observar que ela é apenas uma parcela do processo de comunicação entre os interlocutores, modificações no semblante, sentimentos expostos, olhos arregalados ou desviando do entrevistador e inquietude no consultório são outras formas de comunicação que devem sempre ser levadas em conta no processo de interpretação e diálogo com os pacientes”, destaca ele.

Já o gerente de Relacionamento de Minas Gerais do ICTQ, Raphael Espósito, não considera a diferença linguística como desafio para o atendimento clínico farmacêutico. “O Brasil é muito extenso e de culturas muito diferentes. A linguística regional tem muitas variantes e cabe ao farmacêutico, e a qualquer outro profissional da área de saúde, se adaptar de forma rápida, questionando sempre e ficando atento às gírias e à maneira como as pessoas conversam. Isso é uma atenção que o farmacêutico é obrigado a desenvolver e de forma rápida, quando por algum motivo ele trocar de região para trabalhar, pois ele precisará compreender de forma clara o que o paciente esta relatando”.

Cacunda, joei, pontada, caderas, fronte, xaroc, xistosa, lombriga, bicha, arseni, caroço, isipra. Essas expressões e sintomas referidos por usuários de medicamentos em farmácias de Minas Gerais (e também de outras regiões brasileiras) podem parecer chacota para alguns leitores, mas se referem a possíveis sinais de doenças ou queixas de seus locutores. O professor da Universidade Vale do Rio Doce, Carlos Alberto Silva, acredita que palavras e frases muito próprias e características de cada região podem dificultar o estabelecimento de sintomas, dado ao fato de que algumas expressões podem não corresponder àquelas de cunho mais acadêmico. “O médico ou outro profissional pode não compreender o sintoma declarado pelo paciente, ou mesmo não dar a devida importância e peso a ele”, diz. O professor afirma que isso pode ser um obstáculo aos farmacêuticos que vêm de outros Estados, pois, dependendo da região em que estão o paciente e o farmacêutico, algumas expressões podem ser populares para se descrever sinais e sintomas, e o profissional pode não compreendê-las. “Alguns nomes de medicamentos e plantas podem ser mal pronunciados, levando o profissional a confundir ou simplesmente não compreender do que se trata”, lembra ele.

Espósito ressalta que Minas Gerais é um Estado muito grande e sofre influências de vizinhos. No norte e nordeste do Estado há muita influência do sotaque e linguagem característica da Bahia. Já no Triângulo Mineiro e Sul do Estado a influência vem de São Paulo, mas não daquela capital e sim o sotaque do paulista do interior. Na região central do Estado é onde se encontra o sotaque que é conhecido como típico do mineiro, sendo assim Minas Gerais é o único Estado da nação onde se vai do porrrta ao mãinha.

Almeida Silva se diz um bom mineiro e acredita que todos os farmacêuticos do mundo deveriam desenvolver um pouco de mineirice, ou seja, no processo de aproximação dos pacientes e implantação de atenção farmacêutica, ir comendo pelas beiradas, escutar bastante o paciente, negociar condutas e conscientizá-lo da sua responsabilidade no processo de melhora da saúde. “A forma de descrever sintomas é muito peculiar em cada pessoa, por isso a necessidade de individualização das condutas. Aspectos regionais podem gerar descrições mal interpretadas, assim, a capacidade investigativa sempre deve estar apurada. Nunca deixe passar uma frase ou relato que não foi bem compreendida. Procure investigar em qual parte do corpo está sendo relatada a queixa clínica, tente em conjunto com o cliente entender o que ele está vivenciando e seja paciente com suas vitórias e derrotas no processo de cuidado”, defende ele.

O que é isso?

É fundamental pesquisar a condição do paciente e tentar entender sua queixa. Para ajudar o farmacêutico de Minas Gerais nessa façanha, segue uma lista com alguns sintomas e expressões, além de suas devidas interpretações. Confira.

1. iscuricimento do zoio - perda rápida dos sentidos, que pode anteceder um desmaio ou uma vertigem passageira;

2. Dor nas cadera - dor na região lombar baixa, dor nas costas, bacia, coluna ou membros inferiores;

3. Boqueira - ferimento que acomete a boca do paciente, podendo ser uma quielite, herpes ou alguma reação alérgica;

4. Calombo - inchaço ou nódulo, podendo ser de origens diferentes, como reação alérgica, picadas de insetos ou traumas;

5. Dormência numa banda do corpo - perda de sensibilidade de uma parte de seu corpo. Pode ser um princípio de AVC, problemas musculares ou nas articulações;

6. Dor na cacunda - dor nas costas (lombar), ombros, dor de coluna ou tensão muscular em virtude de estresse;

7. Fervião do corpo - febre, sudorese, gripe, resfriado ou problemas respiratórios;

8. Dor na pá - dor nas costas, muscular ou esquelética próxima da escápula;

9. Nó nas tripa - dor de barriga, enjoo, diarreia, problemas intestinais;

10. Dor no pé da barriga - dores estomacais, queimação, má digestão;

11. Unheiro – inflamação da pele ao redor da unha;

12. Sapinho - candidíase na região bucal;

13. Pé durmente – perda da sensibilidade no pé;

14. Intalo – obstrução na traqueia

15. Dor na junta – Dores nas articulações;

16. Gastura – cansaço;

17. Bololô – confusão;

18. Isipra - erisipela, erisipielóide;

19. Tísica - tuberculose;

20. maleita – malária;

21. Xistosa – esquistossomose;

22. Dor nos joei - dor nos joelhos;

23. Derréia – diarreia;

24. Dor na cacunda - dor nas costas;

25. Pontada - dor aguda e localizada;

26. Pé do ouvido - pavilhão da orelha;

27. Bicha - verme adulto de Ascaris lumbicoidis;

28. Aleijo - deficiência física ou motora;

29. Abestado - sem reflexos ou sob efeito de medicamentos sedativos.

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