3 lições da cantora Anitta para se tornar um farmacêutico de sucesso

Goste você ou não, Anitta é um fenômeno de mídia e de vendas, e uma das artistas mais empreendedoras e produtivas do país. A artista se destaca pela agressividade empresarial que imprime em sua carreira e, mesmo que a ideia possa intimidar muitas pessoas, deixa explícito que seu principal objetivo é tornar-se um dos maiores nomes da música internacional.

Não temos dúvidas que esta meta é um tanto quanto desafiadora, mas depois de dispensar sua empresária, e assumir as rédeas da própria carreira, Anitta vêm adotando estratégias assertivas e executando-as com primazia raramente vista em terras brasileiras.

Por mais que a comparação possa parecer estranha à primeira vista, os ideais da cantora se confundem com os ideais farmacêuticos: sucesso na carreira, visibilidade e respeito profissional. Separamos 3 lições da empresária Anitta para colocarmos em prática imediatamente. São elas:

Lição 01 – Conhecimento de mercado (Quais as deficiências do mercado farmacêutico brasileiro?)

No dia 22 de maio de 2010 Anitta postou no Twitter “Quando eu fizer um clipe vou dançar que nem Beyoncé”, executando o prometido ao lançar o Show das Poderosas. Anitta sabia que o mercado brasileiro carecia de uma artista pop capaz de ir além da música, de entregar uma experiência de entretenimento completa. Este nicho artístico estava gritando: HÁ VAGAS! Desde então, a carreira da artista imprime um ritmo alucinante de sucessos, culminando no projeto “CheckMat”, onde a cantora vem emplacando um clipe por mês nas “paradas de sucesso”.

Para seguir esses mesmos passos é necessário que o farmacêutico conheça o mercado onde está atuando, incluindo suas necessidades e carências, para então entregar o que é preciso. Façamos uma reflexão: Qual seria o piso farmacêutico ideal? R$ 5 mil, R$ 10 mil, R$ 20 mil, R$ 30 mil?. Parecem números altos? Conheço farmacêuticos que ganham bem acima destes valores. Estes profissionais entenderam que o mercado farmacêutico precisa de “entregas reais” e não de “responsáveis técnicos”. Estas entregas são: fidelização de clientes via atendimento farmacêutico, treinamento de atendentes para venda de não medicamentos, gerenciamento de estoques e reposição de produtos, gestão da produção, gerenciamento hospitalar, atuação clínica efetiva, dentre outras. Num mercado onde existe abundância de profissionais, causada pela desenfreada disseminação de faculdades de farmácia no país, o piso virou teto, e o único jeito de mudar esta lógica é identificando e resolvendo as deficiências do mercado.

Lição 02 – Marketing (O farmacêutico está divulgando corretamente seu trabalho?)

Estou escrevendo este artigo numa terça feira, ás 2:30h da manhã. Anitta não está me pagando nada, ela nem sabe que eu existo, e, em última instância, estou fazendo marketing gratuito para a cantora. Isso não acontece com Anitta por acaso. Existe uma estratégia de posicionamento muito claro em torno da gestão da imagem da cantora, a qual a mantem constantemente em visibilidade. Anitta é a única brasileira no Social 50 da Billboard americana, um ranking que mede a popularidade de artistas nas redes sociais. Ela aparece em 15º lugar, na frente de Shakira (16º), Taylor Swift (23º), Beyoncé (30º) e Lady Gaga (36º). A cantora utiliza uma estratégia de marketing de guerrilha, cross channel, sempre com foco em um produto (no caso uma música) bem específico. A cada novo single, Anitta provoca um verdadeiro SWARM, dando um tiro grande (e certeiro) de uma só vez, atingindo em cheio todas as mídias (sociais, impressa, TV e rádio).

Aqui deixo uma provocação: Se um nutricionista, médico ou dentista oferecesse um serviço gratuito de atendimento, vocês acham que formariam filas em suas portas? Se sua resposta for sim, temos que nos perguntar: Porque não existem filas para atendimentos nas portas das farmácias? Será que nós farmacêuticos estamos comunicando corretamente os benefícios do nosso serviço? Percebam que utilizei o termo “serviço” no singular, para dar a ideia de foco e não de dispersão. A impressão que tenho é que a comunicação de nossas habilidades está voltada para a classe farmacêutica e não para o cliente final, o paciente. É como se Anitta gastasse toda a sua energia para divulgar o seu trabalho para seus companheiros cantores (com certeza ela não faria isso!). Precisamos, como profissional e como organização de classe, comunicar claramente para a população brasileira que somos profissionais de saúde, e, consequentemente, entregar um serviço de qualidade que faça diferença na vida do paciente. Num país onde a atenção primária à saúde é precária, se comunicarmos e executarmos corretamente nossos serviços, as filas nas farmácias serão maiores do que as dos shows de Anitta.

Lição 03 – Parcerias (Com quais profissionais o farmacêutico pode ter uma ação de sinergia?)

Anitta deve muito do seu sucesso à técnica de CO-BRANDING, que consiste na união de duas marcas fortes, aumentando o valor percebido pelo cliente. Essa associação torna-se mais efetiva quando falamos de marcas que estão numa posição de destaque. Em menos de um ano a artista fez parcerias e participações com Roberto Carlos, J. Balvin, Maluma, Nego do Borel, Claudia Leite, Micael Borges, Weslley Safadão, Simone & Simaria, Trio de DJs Major Lazer, Pabllo Vittar e Iggy Azalea. Aqui fica a pergunta: Estamos fazendo as parcerias corretas para aumentar o valor dos nossos serviços? Em todas as minhas palestras eu defendo que o médico deve ser visto como principal parceiro e promotor dos serviços farmacêuticos. No entanto, percebemos que, com algumas exceções, ao invés do farmacêutico se aproximar dos médicos, ele vê estes prescritores com rivalidade e animosidade. Para seguirmos esta lição de Anitta, no varejo farmacêutico, por exemplo, poderíamos estruturar um serviço de visitação médica em nossas farmácias, oferecendo os serviços de atenção farmacêutica direto para o profissional da medicina. Imaginem as sinergias profissionais se conseguíssemos comunicar para o médico a possibilidade de ter seus pacientes acompanhados de perto por um profissional de saúde capacitado e competente. Pensem nos benefícios para o médico e para o paciente, a aderência do paciente ao tratamento prescrito e o potencial comercial de fidelização deste programa. Enquanto alguns fãs de Roberto Carlos insistiam em criticar Anitta, Roberto Carlos preferiu fazer uma parceria com a artista, e ambos ganharam em visibilidade e repercussão de marca.

Agora que você leu todo o artigo lhe restam 2 possibilidades: a) Curtir e compartilhar essa postagem, com a intenção de seguir as lições propostas ou b) Criticar nosso artigo, dizendo que estamos falando besteira e comparando um profissional de saúde com um tema supérfluo. Qualquer que seja a sua decisão você estará gerando engajamento para este ”post”. Essa foi mais uma lição que eu aprendi com Anitta!

* Leonardo Doro - Professor do ICTQ (Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico), consultor em gestão de varejo farmacêutico e autor dos livros “Gestão Estratégica para Farmacêuticos” e “A Arte da Guerra para Farmacêuticos”.

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