É sabido que a indústria farmacêutica é um dos, ou o ramo corporativo mais poderoso do mundo, haja vista o que pudemos observar com a pandemia e a corrida deste setor para o desenvolvimento de novas vacinas e tratamentos para a COVID-19. Em questão de poucos meses vimos o planeta terra padecer diante de um vírus “desconhecido” e se render ao esperado milagre da ciência, oriundo justamente dos laboratórios farmacêuticos – a bala de prata...a cura!
Segundo levantamento do IQVIA, o mercado farmacêutico continua sendo o ponto fora da curva, em comparação com os demais setores da economia. Desde 2019 este setor vem registrando crescimento anual acima dos 10%. Em 2022 o crescimento foi de 14,5% com projeção de 10% para 2023. Além disso passamos de 90 mil farmácias no Brasil, que cada vez mais assumem o um maior protagonismo como “hub” de saúde. O país se encontra hoje na 4º posição (10%) de participação do e-commerce no varejo farmacêutico, ficando atrás apenas da Alemanha (24%), EUA (23%) e Rep. Tcheca (11%).
Ainda de acordo com o IQVIA sobre as dinâmicas e tendências do mercado farmacêutico brasileiro, uma quantidade importante de moléculas perderá exclusividade nos próximos 5 anos, apresentando oportunidades para novos fabricantes e desafios para os detentores originais. Até 2027, um total de R$ 13,6 bilhões em vendas medicamentos biológicos devem perder exclusividade, sendo esta uma das áreas de atuação mais promissoras, que demanda mão de obra altamente qualificada.
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Depois desta pequena introdução, alguém ainda tem dúvida que a indústria farmacêutica é a menina dos olhos dos farmacêuticos, químicos, biólogos, administradores, advogados, economistas, engenheiros e demais profissionais que possam exercer alguma atividade afim neste setor? Não tenho dúvida, e pude viver isso pessoalmente lá em 2009, quando iniciei minha carreira, após concluir o curso de farmácia.
Após minha colação de grau, em 22 de julho do ano supracitado, me vi perdido, num universo de 10 linhas de atuação e mais de 135 especialidades farmacêuticas (segundo o CFF) – eu tinha entrado para a estatística...do desemprego, é claro. A indústria farmacêutica não seria uma das minhas primeiras opções, apesar de domiciliar no 2º maior polo farmoquímico do Brasil. Todavia, não obtive sucesso em minhas tentativas nas outras opções, já relatado por mim em outro artigo de opinião publicado no site do ICTQ. Frustração e o início do desespero já rondavam meu íntimo.
Foi então que em dezembro de 2009, já esgotadas todas as minhas buscas por outros campos de atuação, que falavam mais alto na minha emoção, resolvi partir para a razão e participar de um processo seletivo numa indústria farmacêutica, localizada a 136 km de onde eu morava. O setor? Controle de Qualidade. Por quê? Pois era o que eu tinha experiência de estágio. Aqui já vai a primeira dica de ouro: o estágio é a primeira porta de entrada para ingressar na indústria. Como foi o processo seletivo? Uma prova de química analítica (qualitativa e quantitativa), instrumentação analítica, físico-química, química orgânica e regulamentação, além das entrevistas com os departamentos envolvidos. A segunda dica de ouro: não menospreze os estudos mais basilares da faculdade e a extensão, isso lhe deixará a vários passos à frente da concorrência.
A partir de então minha carreira foi construída neste ramo corporativo apaixonante e desafiador. Naquela época as pós-graduações já começavam a ser recomendadas para os candidatos a uma vaga. Todavia, este tipo de formação ainda não possuía um grande portfólio, ficando concentradas especialmente em SP e RJ. Mas...e o crescimento horizontal e vertical dentro da empresa? Mais uma dica de ouro: minha primeira promoção, em pouco mais de 1 ano de trabalho, foi fruto de uma especialização que eu havia iniciado e 2010, no ICTQ, em Vigilância Sanitária na Indústria Farmacêutica. Hoje, ter ao menos uma especialização não é mais recomendação, é exigência!
Neste interim, passei em outro processo seletivo para trabalhar na Garantia da Qualidade. Além da pós-graduação ter me proporcionado tal fato, e com muita dedicação, depois de 2 anos tive a oportunidade de participar de um processo seletivo em outra empresa, localizada na minha cidade de origem, a um cargo de supervisor do Sistema de Gestão da Qualidade e Meio Ambiente, e corresponsável de Farmacovigilância, sendo que estes dois últimos setores eu não tinha experiência alguma. Enfim, estava de volta em casa, com um cargo e um salário muito melhores, novas responsabilidades e desafios. A quarta dica de ouro é: não tenha medo de encarar os desafios e as oportunidades, pois mesmo não tendo experiência em todas as funções que lhe forem oferecidas, vá em frente e encare! Ah, e só lembrando que em apenas dois anos de trabalho saí de analista júnior para pleno e logo depois para um cargo de gestão, algo extremamente difícil de acontecer corriqueiramente.
Mais dois anos se passaram de muito trabalho e me vi novamente em outro processo seletivo...aliás, não foi bem um processo seletivo, e sim uma indicação. Um Q.I.? Não...de fato uma indicação para um cargo e salário melhores ainda. Esta indicação veio por conta de um treinamento que ministrei para colaboradores da empresa a qual fui indicado. Abri as portas da indústria onde eu atuava naquele momento, para ajudar colegas de outra empresa, e fui agraciado com mais uma oportunidade de crescimento. Sexta dica de ouro: pratique a empatia e o networking, isso lhe trará respeito, reconhecimento e novas oportunidades.
Aproveitando o ensejo do networking, sabe aquela pós-graduação que fiz logo no início da minha carreira? Com o networking e a amizade que fui construindo com os gestores da instituição de ensino que fiz minha primeira especialização, durante todo este tempo que estive na indústria farmacêutica, recebi o convite para fazer parte como colaborador. E é nesta Instituição que eu tenho orgulho de dedicar minha carreira, há quase 10 anos, e onde também tive a oportunidade de continuar estudando. Portanto, a sétima e última dica de ouro: reúna e aproveite todas as dicas de ouro aqui citadas e construa a sua história de sucesso!
Crescer dói, e a zona de conforto não é o melhor lugar para isso!
Ismael Rosa, MSc. – Farmacêutico, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Especialista em Vigilância Sanitária na Indústria Farmacêutica, Especialista em Estética Avançada, Especialista em Prescrição Farmacêutica e Farmácia Clínica. Diretor Acadêmico do ICTQ e Sócio diretor da Dr. Vaccinum | Clínica de Vacinação e Serviços de Saúde. Membro do Grupo de Trabalho sobre Tecnologia e Inovação do CFF. Membro do Grupo Técnico de Trabalho de Indústria Farmacêutica do CRF-GO.
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