O farmacêutico é responsável por acompanhar a terapia dos pacientes, identificando problemas relacionados ao medicamento, assim como as reações adversas ou contraindicações. Dessa forma, entre outros, ele atua orientando sobre o uso e cuidados na administração do medicamento no tratamento da acne. No atendimento desses pacientes é importante que o farmacêutico esteja atento às individualidades, para, assim, orientar o melhor tipo de produto para combater a inflamação.
O profissional pode direcionar o paciente com acne desde os cuidados com a pele, alimentação, orientação da utilização de medicamentos e efeitos adversos, até a prescrição de formulações dermatológicas. É fundamental que se conheça muito bem sobre os produtos disponíveis para o tratamento de acne, se entenda suas particularidades e, assim, se ofereça a melhor assistência.
“A cicatriz de acne é um assunto muito peculiar na saúde estética. Quando nos formamos na pós-graduação e recebemos habilitação para trabalhar com estética nos tornamos responsáveis por toda a cadeia de tratamento do nosso paciente, desde o diagnóstico estético até a avaliação e eleição dos melhores procedimentos para serem realizados, e acompanhamento pós-tratamento. Somos 100% clínicos. Será que tem um profissional que seja mais capacitado para fazer tudo isso do que o farmacêutico?”, questiona o farmacêutico especialista em Análises Clínicas, com mestrado em Doenças Infecciosas, coordenador e professor da Pós-Graduação em Estética Avançada do ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Pedro Sousa.
De acordo com ele, os farmacêuticos estão preparados para fazer todo o caminho de avaliação, eleição e combinação de tratamentos, contudo a Pós-Graduação em Estética Avançada do ICTQ é uma oportunidade para se ter uma trajetória ainda mais exitosa rumo a alcançar os melhores tratamentos estéticos para o paciente.
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Para atuar em estética, incluindo o tratamento de cicatrizes de acne, o farmacêutico precisa entender de exames laboratoriais, prescrição farmacêutica, fitoterapia e farmacologia, por exemplo. Se é do farmacêutico a responsabilidade desde a avaliação inicial até o tratamento, isso quer dizer ser necessário ter conhecimento de patologia e suas causas. Por vezes, segundo Sousa, os profissionais esquecem dos protocolos estéticos.
“E se estamos falando de cicatriz de acne, estamos nos referindo a algo tardio, que aconteceu com alguma doença anterior, no caso a acne, logo precisamos entender como ela se forma. Muito mais do que fazer o tratamento tardio da cicatriz de acne, em alguns casos podemos evitar que ela aconteça, sabendo qual é a patogenia da acne e evitando que ela se torne uma máquina agressiva e forme realmente a cicatriz. Podemos agir em toda essa cadeia depois que a acne já está formada, assim como para evitar que ela se forme”, explica o professor.
Etiopatogenia da acne
Segundo Sousa, algumas situações precisam estar no conhecimento do farmacêutico para entender como atuar diante da acne. Na adolescência, principalmente, se tem uma grande escala de hormônios androgênicos, que causam aumento da secreção sebácea, uma reação por conta da hiperplasia das glândulas sebáceas. Isso pode acontecer tanto no rosto quanto no corpo, em homens e mulheres. Atrelado a este acúmulo de sebo, há a ceratose ou obstrução do canal folicular, processo conhecido como comedogênese.
Algumas pessoas passam ilesas por esse processo de acne, e vale ressaltar que o surgimento dela não é restrito à adolescência. Com a ceratose, aumento da quantidade de células das camadas mais externas da pele, surgem pequenas verrugas obstruindo os canais foliculares, criando um microambiente anaeróbico extremamente suscetível à colonização por uma bactéria, aqui o Propionibacterium acnes - difteróide anaeróbio Gram-positivo.
“Obviamente, com o processo infeccioso você vai ter um processo inflamatório. O nosso corpo sempre vai reagir ao aumento da quantidade de bactérias de forma patológica, isto é, começou a crescer a quantidade de bactérias, nosso corpo começa a responder primeiramente com uma inflamação, mecanismo que está pronto para ser ativado em decorrência de qualquer alteração fisiológica. Trata-se de uma guerra do sistema imunológico contra bactérias. Essa guerra gera lesões teciduais, maiores ou menores, e no rosto, por exemplo, tem-se a formação de pus. Estou falando de formação de acne no geral, mas é importante frisar que ela tem graus distintos”, esclarece o professor.
Existem cinco tipos de acne:
- Grau 1: apenas cravos, sem lesões inflamatórias, as espinhas;
- Grau 2: cravos e espinhas, com pequenas lesões inflamadas e pontos amarelos de pus (pústulas);
- Grau 3: cravos e espinhas pequenas e lesões maiores, mais profundas, dolorosas, avermelhadas e bem inflamadas (cistos);
- Grau 4: cravos, espinhas pequenas e grandes lesões císticas, múltiplos abcessos interconectados e cicatrizes irregulares, resultando em deformidade da área afetada (acne conglobata); e
- Grau 5: tipo mais severo de acne e apresenta sintomas sistêmicos como fadiga, mal-estar, mialgias, artralgia e febre, além de apresentar o quadro clínico característico de acne grau 4, com nódulos inflamatórios e crostas hemorrágicas.
Cicatrizes de acne
Conforme o professor, as cicatrizes de acne são atróficas, ou seja, quando há perda tecidual. Todos os tipos de acne podem originar cicatrizes, sobretudo quando ocorre inflamação. Acne de grau 1, apesar de não ser inflamatória, pode, sim, inflamar. “Geralmente há poucos casos com inflamação, porém a acne de grau 1 pode complicar se houver algum tipo de manipulação indevida. Sempre que houver processo inflamatório pode ocasionar uma cicatriz de acne, contudo isso não é regra”, elucida Sousa.
Existe uma série de fatores epigenéticos relacionados ao aparecimento ou não da cicatriz de acne. Se o paciente possuir uma boa alimentação; um bom tratamento estético, tanto superficial quanto sistêmico; alimentação com nutrientes como zinco, vitamina C, aminoácidos precursores de colágeno; e se ele tiver também a forma de reduzir o prolongamento desse processo inflamatório, pode ser que ele não desenvolva cicatriz. O tratamento de cicatrizes de acne está condicionado aos tipos existentes.
Segundo o artigo “Acne scarring: a classification system and review of treatment options”, publicado no Journal of The American Academy of Dermatology, há três tipos de cicatrizes de acne, que direcionarão qual tratamento estético o farmacêutico poderá aplicar no consultório:
- Icepick: recortes menores e mais estreitos que apontam para a superfície da pele. São comuns nas bochechas. Tendem a ser muito difíceis de tratar e, geralmente, requerem um tratamento persistente e agressivo.
- Rolling: cicatrizes com uma profundidade variável, com bordas inclinadas que fazem a pele parecer ondulada e irregular.
- Boxcar: depressões largas, com bordas bem definidas. São causadas por acne generalizada ou varicela, vírus que causa erupção cutânea vermelha e pruriginosa com bolhas. Se formam em áreas como a parte inferior das bochechas e a mandíbula, onde a pele é relativamente espessa.
“A primeira coisa que temos que fazer antes de tratar é saber que tipo de cicatriz de acne nosso paciente tem. Temos que fazer a correta avaliação da cicatriz e se existe mais de um tipo associado. Em quase 100% dos casos você tem mais de um tipo. Se você pensar no paciente grau 3 ou grau 2, ele não terá somente cistos, mas sim espinhas menores, cravos. É possível que se tenha as três classes de cicatrizes associadas no mesmo paciente. Cada uma das cicatrizes responde de maneira diferente ao tratamento, então se você elege um tratamento para o paciente que tem mais de um tipo de cicatriz de acne, talvez você consiga lidar com um e não muito bem com o outro”, alerta Sousa.
Quer saber mais sobre terapias combinadas no tratamento de cicatrizes de acne? Assista agora mesmo a webaula com o professor do ICTQ, Pedro Sousa.
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