A gordura localizada é o acúmulo de tecido adiposo em determinadas regiões do corpo por uma predisposição individual, e pode ser decorrente de vários fatores, como constituição física, hereditariedade, localização dos receptores adrenérgicos, entre outros. O farmacêutico especialista em estética é um aliado dos que querem tratar a gordura localizada, e recobrar sua saúde.
“Existem várias estratégias para redução de gordura localizada que são permitidas para os profissionais farmacêuticos, dentre elas podemos citar as descritas na Resolução 616/15, do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que são: criolipólise, intradermoterapia e carboxiterapia, além de outras substâncias incluídas pela Resolução 645/17, que permite a utilização de agentes eutróficos e venotróficos na intradermoterapia”, fala o especialista em Farmácia Estética e Análises Clínicas e coordenador da pós-graduação em Farmácia Estética Clínica do ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico, Pedro Sousa.
Ele lembra também que, recentemente, o CFF regulamentou, por meio da Resolução 685/20, o uso da ozonioterapia por farmacêuticos e que essa também é uma excelente estratégia para redução de gordura localizada. Além disso, profissionais de farmácia estão autorizados a realizar prescrição de medicamentos, como fitoterápicos que potencializam os resultados dos procedimentos realizados em consultório estético.
Intradermoterapia ou mesoterapia
A intradermoterapia ou mesoterapia é uma técnica utilizada na Europa há mais de 30 anos, com segurança e bons resultados. Ocorre com a aplicação de substâncias biocompatíveis e absorvíveis, ocasionando varredura de radicais livres, hidratação dérmica e para a elaboração dos constituintes da matriz extracelular pelo fibroblasto.
Consiste em injetar substâncias vasodilatadoras, lipolíticas (L-carnitina, aminofilina), minerais, vitaminas, anestésicos (lidocaína ou procaína), medicamentos tradicionais e homeopáticos e aminoácidos, a fim de tratar problemas de celulite, cicatrizes, rugas, fatores de sobrepeso e até mesmo a calvície.
“Trata-se do principal tratamento estético para gordura localizada e são os protocolos que mais utilizo em meu consultório. São aplicações subcutâneas de lipoenzimas, que são substâncias lipolíticas com as quais fazemos microaplicações na região da adiposidade: peritônio, flancos, costas e a famosa “pochete”. Essas substâncias agem quebrando as moléculas de gordura que estão acumuladas nessas regiões, fazendo processo de hidrólise – uma filtração dessa gordura, que será transformada em líquido e o corpo eliminará através de energia. Gordura não se expele nem por urina nem por fezes. Até porque os nossos néfrons não filtram gordura”, explica o professor especialista em Farmacoterapia Estética e em Saúde Estética, Pedro Henrique Alves.
Segundo ele, outras substâncias vasodilatadoras, quando inseridas no organismo, podem complementar e agilizar a quebra de moléculas de gordura, como o ácido alfalipóico (ALA). Quando aplicado no paciente, ele passará por um processo de tumefação, ou seja, vai ficar com aspecto inchado nos dois primeiros dias, período em que a gordura será transformada em líquido e posteriormente em energia.
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Nesses casos, é comum o farmacêutico esteta adicionar algum diurético à prescrição do paciente, uma vez que a maioria tem retenção de líquidos. Para que esse indivíduo não se sinta inchado, pesado ou com outro incômodo, se faz essa mescla, adicionado ao tratamento um acelerador metabólico, como carnitina, cafeína ou inositol. A lógica é simples: metabolismo acelerado queima gordura mais rápido.
Alves diz que o paciente deve realizar no mínimo quatro sessões para êxito do tratamento. Uma sessão semanal e após a quarta se faz o “antes e depois” para ver como o organismo reagiu. O processo de aplicação de enzimas tem que ser associado com exercício físico e uma dieta balanceada. Além disso, a avaliação do paciente é individualizada.
“Os protocolos são um aspecto muito importante dentro da estética e que acabam não sendo explorados a contento dentro dos cursos de graduação. O profissional precisa entender sobre as disfunções estéticas, os procedimentos que pode utilizar e, com isso, dependendo da sua avaliação estética e das particularidades dos pacientes, montar o protocolo mais adequado para aquele tratamento. Não existe receita de bolo, existe conhecimento científico e a forma de utilizá-lo”, ressalta Sousa.
Formação
O coordenador da pós-graduação em Farmácia Estética Clínica do ICTQ reitera a necessidade de uma formação ampla em estética, aproveitando expertises ímpares do profissional farmacêutico, como conhecimentos de fitoterapia, homeopatia e cosmetologia, que podem ser grandes diferenciais do profissional nesse mercado.
Alves complementa que, para se trabalhar com estética avançada, atualmente, é imprescindível possuir uma pós-graduação lato sensu, bem como realizar cursos extracurriculares. “Na maioria das vezes você tem uma ou duas disciplinas na graduação que são sobre esses procedimentos, por isso capacitações extras são fundamentais para se ter o domínio da prática”, acrescenta.
Senso ético
“Ao iniciar o trabalho com clínica, o profissional precisa desenvolver habilidades pessoais de comunicação, e isso é fundamental tanto para um bom início de conversa com o cliente, quanto para a manutenção dele dentro do seu consultório. A abordagem para todos os tratamentos estéticos deve ser estritamente relacionada à queixa do paciente, de forma a não gerar constrangimentos”, alerta Sousa.
O aviso é pertinente: muitas vezes o paciente surge no consultório para redução de gordura localizada em uma região específica e o profissional acaba apontando outras disfunções estéticas que o paciente não se incomodava, mas que vai passar a se incomodar porque o profissional apontou. Senso ético é essencial para o profissional da estética.
Resultados
Sobre resultados, não há surpresa, não são definitivos. Segundo Sousa, nem as cirurgias plásticas para redução de medidas ou gordura localizada são perduráveis. Caso o paciente não siga o protocolo desenvolvido ou volte à rotina de alimentação fora do padrão estabelecido por profissionais habilitados – como nutricionistas ou nutrólogos, com certeza haverá remissão do caso, sendo necessário novo tratamento.
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