Butantan desenvolve anticorpo monoclonal para proteger gestantes contra o Zika

O Instituto Butantan, em São Paulo, vai desenvolver um medicamento baseado em anticorpos monoclonais (mAb) para prevenir a infecção pelo vírus Zika. Caso o remédio se mostre eficaz, a ideia é oferecê-lo às gestantes que residem em áreas de surtos ou de epidemia para evitar que adoeçam durante a gravidez e repassem o vírus ao bebê, o que pode causar malformação congênita.

Anticorpos monoclonais são terapias produzidas em laboratório que simulam as defesas geradas pelo sistema imune do indivíduo. Eles são administrados principalmente por via intravenosa ao paciente e são desenvolvidos com determinado agente como alvo, como um vírus, no caso da Zika, ou células cancerígenas, no caso de tratamentos oncológicos.

De modo diferente de uma vacina, que induz de forma ativa o próprio organismo do indivíduo a produzir as defesas, o medicamento é uma imunização passiva pois consiste na entrega direta dos anticorpos prontos para proteger a pessoa.

A terapia contra a Zika está ainda em fase de desenvolvimento, mas consiste em anticorpos monoclonais já validados para combater o vírus, descobertos e licenciados para o Butantan por pesquisadores da Universidade Rockefeller, dos Estados Unidos.

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Em nota, o diretor do Instituto, infectologista Esper Kallás, explica que o Butantan trabalha no desenvolvimento em escala farmacêutica para dar início aos estudos clínicos em gestantes. Os testes, que englobam geralmente três fases, são essenciais para confirmar a segurança e a eficácia do tratamento e embasar um pedido de aprovação de uso à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Temos que lembrar que uma epidemia de Zika como a que vivemos em 2015 e 2016 ocorre em surtos muito rápidos. Em 2015, por exemplo, em três meses algumas populações haviam sido completamente infectadas pelo vírus. Sabemos que um dia podemos ter que enfrentar este tipo de desafio de novo”, afirma Kallás.

Em 2015, durante a epidemia da doença no Brasil, pesquisadores identificaram pela primeira vez a síndrome congênita do Zika vírus. O quadro ocorre quando a gestante é infectada e transmite o vírus para o feto, causando complicações neurológicas e anomalias congênitas irreversíveis.

O infectologista lembra ainda que, “como temos uma vasta população que não contraiu Zika e não é imune ao vírus, podemos viver uma outra grande epidemia”. Além disso, explica que “há bolsões no Brasil que continuam suscetíveis ao Zika porque é um vírus transmitido com relativa facilidade onde há abundância do vetor transmissor (o mosquito Aedes aegypti)”.

Em 2020, os pesquisadores da Universidade Rockfeller publicaram os primeiros resultados de testes com a administração dos anticorpos monoclonais em macacas rhesus prenhas expostas ao vírus Zika. Os medicamentos diminuíram a carga viral e limitou a transmissão vertical do patógeno, protegendo os bebês de danos neurológicos.

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“O anticorpo monoclonal anti-Zika seria um medicamento preventivo, uma imunoterapia passiva onde a mulher receberia um anticorpo pronto. Seria uma das formas de proteger mulheres em idade reprodutiva, e principalmente as grávidas, de se infectarem pelo vírus durante a gestação”, diz Kallás.

A tecnologia foi, então, licenciada ao Butantan. O Instituto já tinha uma linhagem de células capaz de produzir os anticorpos e a expandiu na fábrica de anticorpos monoclonais (PAM) do seu Centro Bioindustrial. Antes dos testes em humanos, porém, os cientistas brasileiros realizaram aprimoramentos na terapia.

“Os anticorpos monoclonais têm um tempo de vida médio de três semanas na circulação sanguínea, e o objetivo dessa modificação do anticorpo é para ele ter uma vida mais longa e proteger o feto durante o tempo de gestação, com uma única administração”, conta a diretora do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Imunobiológicos (CeRDI) e do Laboratório de Biofármacos do Butantan, Ana Maria Moro, responsável pelo desenvolvimento da terapia.

Ainda assim, o diretor do Butantan explica que os anticorpos monoclonais não têm como objetivo substituir uma possível vacina contra o vírus, projeto que também está em andamento no Instituto. Ambas são formas complementares de prevenção de doenças infecciosas, conta Kallás:

“O anticorpo monoclonal é indicado para complementar o efeito da vacina, já que nenhum imunizante confere proteção de 100% contra um patógeno. Em uma região onde mulheres estão suscetíveis a determinada doença e não tomaram a vacina, ou se algumas delas tomaram o imunizante há muito tempo e não se sabe ao certo se continuam protegidas, o mAb pode servir, complementando o efeito do imunizante”.

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