A economia industrial farmacêutica no Brasil

O setor farmacêutico manteve o mesmo ritmo de atividade do ano anterior e a previsão é de apresentar crescimento entre 10% e 12%. A indústria deve faturar ao redor de R$ 54,2 bilhões. Confira na matéria abaixo.

A elevação da renda e a melhora na sua distribuição têm favorecido o consumo de medicamentos nos últimos anos no Brasil. Hoje 54% da população brasileira consomem remédios regularmente, conforme o estudo Saúde, Medicalização e Qualidade de Vida, do ICTQ/Datafolha. Adicionalmente, a indústria farmacêutica, em franca ascensão, contribui de forma decisiva para o crescimento do produto e da renda nacional.

Segundo o economista e consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), Daniel Keller, após um forte processo de endividamento das famílias brasileiras em 2013 as taxas de inadimplência vêm diminuindo. “Essa redução traduz-se em menor endividamento da população brasileira que, por sua vez, aumenta a renda disponível para investimentos em qualidade de vida. Em um momento de incertezas e dificuldades na economia nacional, essa renda disponível para consumo poderá representar o fator de aceleração do PIB”, fala o economista. Ele destaca ainda que a manutenção da taxa de desemprego em baixos patamares contribui para esse resultado.

Entre os fatores mais relevantes que marcaram o cenário nacional em 2013 o economista ressalta a desvalorização do câmbio que, mesmo pressionando a inflação, deve auxiliar a indústria nacional. Essa desvalorização poderia ser ainda maior, ampliando os benefícios ao setor industrial. Porém, por receio do impacto na inflação, o Banco Central tem intervindo no mercado cambial. “Esse choque nos preços seria absorvido rapidamente pelos produtores e consumidores. Perdemos a chance de realmente melhorar o cenário para indústria nacional”, lamenta ele.

Além disso, cabe destacar o crescimento relativamente baixo do produto, a inflação sob controle - porém acima do centro da meta de inflação - e o processo de elevação da taxa básica de juros. “No âmbito político e econômico merece destaque a atuação do Governo para deslanchar as concessões do setor de infraestrutura de óleo e gás, como, por exemplo, a medida provisória 595/2012, conhecida como MP dos Portos, e a negociação das condições das concessões de rodovias, aeroportos e pré-sal”, comenta Keller.

Já o professor de finanças do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa e da Fundação Instituto de Administração (FIA), Ricardo José de Almeida, comenta que a concretização de um crescimento da economia bem menor do que o previsto logo após a crise de 2008 e bem menor do que o previsto no início de 2013 refletiu as dificuldades que a economia brasileira tem de sustentar um ciclo de crescimento de acordo com o que se esperava para um país emergente que já foi caracterizado como especial dentro dos BRIC (sigla que se refere ao Brasil, Rússia, Índia e China, que se destacam no cenário mundial como países em desenvolvimento).

“Mereceram destaque em 2013 a persistência da inflação alta, mesmo em um cenário de crescimento econômico baixo causado principalmente por um incentivo ao consumo gerado por políticas públicas que expandiram o crédito por meio de programas com bancos estatais”, fala ele. No campo político, se consolidou uma maior desconfiança a respeito da performance do Governo em relação à administração da dívida pública e às medidas que tentam gerar crescimento sustentável.

Almeida defende que a economia foi muito impulsionada pelo crédito, e o consumo de medicamentos responde a isso em virtude de um alto grau de uso de medicamentos sem prescrição médica (MIPs), que vigora no mercado brasileiro. “Outro fator é que as farmácias são pontos de venda não apenas de medicamentos, mas também de produtos de consumo e por isso obtêm os benefícios percebidos em momentos de aumento da renda disponível”, acrescenta o professor.

Impactos das reivindicações

Para o diretor-presidente da indústria farmacêutica Prati-Donaduzzi, Luiz Donaduzzi, a onda de protestos iniciada em junho de 2013 impactou a cena nacional. “Um dos principais alvos dos protestos foi a questão da saúde, forçando o Governo a dar mais destaque a este tema em sua pauta, passando a discutir prioritariamente os projetos ligados à saúde. Nesse mesmo cenário houve a comemoração de 25 anos do Sistema Único de Saúde (SUS), que reforçou a discussão por um serviço de qualidade para a população, intensificando assim as ações do Governo, como o programa Mais Médicos e a PEC do Orçamento Impositivo”, relata ele.

Para Donaduzzi, no mercado farmacêutico, um dos fatores mais relevantes foi o aumento no volume de vendas de medicamentos genéricos, que cresceu 16% no primeiro semestre de 2013 se comparado ao mesmo período de 2012, segundo dados do IMS Health. Nesse período foram comercializadas 373,2 milhões de unidades, contra 321,3 milhões nos seis primeiros meses do ano anterior. “Esse setor, que representa 27,2% de participação de mercado, tem como previsão chegar à marca de 30% de participação ainda no primeiro semestre de 2014. Assim, os genéricos devem alcançar de 35% a 40% de participação nas vendas do mercado brasileiro até 2020”, ressalta ele.

O empresário destaca que os medicamentos movimentam a economia brasileira e o surgimento dos genéricos transformou a indústria, o que impulsionou o surgimento de novos laboratórios no País e estimulou a concorrência no setor. Com isso, foi gerada maior quantidade de medicamentos, o que facilitou o acesso da população devido aos baixos custos. E mesmo após 14 anos da introdução dos genéricos no Brasil eles continuam sendo financeiramente mais vantajosos para o consumidor. “A chegada do medicamento genérico ao Brasil marcou o início de uma era especial para a Prati-Donaduzzi. Com tecnologia suficiente para produzir em grande escala, fazemos parte da história do genérico e figuramos entre as maiores produtoras desta classe de medicamentos”, comemora ele.

A indústria farmacêutica se beneficiou

De acordo com o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, o desempenho da indústria farmacêutica em 2013 foi bom. O setor manteve o mesmo ritmo de atividade do ano anterior e deve fechar o período com um índice de crescimento de dois dígitos – entre 10% e 12% -, em linha com a tendência dos últimos anos. A indústria farmacêutica deve faturar ao redor de R$ 54,2 bilhões em 2013.

No entanto, a exemplo de 2012, a queda de rentabilidade é o que causa maior preocupação para Mussolini. Houve a variação cambial – o dólar saltou de R$ 1,80 para R$ 2,20; o reajuste salarial - de 8,5% - foi bem superior à inflação do período; os preços das tarifas e insumos subiram. Tudo isso influiu diretamente nos custos da indústria farmacêutica, pressionando o caixa das empresas e achatando a rentabilidade.

“O processo de inclusão ao mercado de milhões de consumidores das classes C, D e E perdura e deve continuar por um bom tempo. Esse quadro reforça as perspectivas favoráveis para o setor farmacêutico. Nosso maior problema são as pressões causadas pelo aumento dos custos, quer em razão dos reajustes salariais - acima dos reajustes dos preços, que ainda são controlados e fixados pelo Governo -, quer pelo aumento real do preço dos insumos, acima, inclusive da inflação”, alerta ele.

O presidente do sindicato comenta ainda que a alta carga tributária e o modelo de controle de preços são duas questões regulatórias que afetam profundamente o setor farmacêutico. Por isso, o Sindusfarma reivindica há anos sua revisão por parte do Governo. “É um completo absurdo que os impostos representem em média mais de um terço do preço final dos medicamentos - 33,9% -, enquanto a média mundial de tributação do produto é de 6,3%”, dispara Mussolini, que, por isso, defende a aprovação no Congresso Nacional da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do deputado federal Francisco Chagas (PT-SP) que isenta os medicamentos de uso humano de todos os impostos.

A necessidade de modernização da legislação que fixa preços e reajustes dos medicamentos é mais um ponto que precisa ser debatido, para se encontrar uma solução rapidamente, segundo o presidente. Não se pode continuar convivendo com uma lei que penaliza os ganhos de produtividade e não incentiva os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, que dependem de uma correta remuneração da inovação para serem efetivos.

Mussolini defende ainda que outra meta importante é a ampliação e modernização da estrutura administrativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para que a análise dos pedidos de registro dos produtos seja mais ágil, permitindo que a população tenha acesso mais rápido a medicamentos inovadores.

Na condição de uma das principais cadeias produtivas globais e do segmento de saúde (responsável por 8% do PIB brasileiro), Mussolini defende que a indústria farmacêutica é uma importante fonte de riqueza econômica e social para o País. O setor oferece cerca de 75 mil empregos diretos e mais de 500 mil indiretos, gerando receita tributária de mais de R$ 18 bilhões, destinados ao custeio e investimentos da administração pública.

Fonte: ICTQ

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