Biomm, a única produtora de insulina glargina no país, irá produzir o 'Ozempic brasileiro'

A Biomm, especializada em produção de biomedicamentos, assim como outras empresas do setor de saúde, foi fortemente impactada pela pandemia de Covid-19, mas não por conta de ruptura na cadeira de suprimentos. A grave crise sanitária mundial atingiu o Brasil quando uma nova planta da empresa, que recebeu investimentos de R$ 800 milhões, ficou pronta, pendente apenas das licenças e autorizações de operação, parte delas, emitidas pela Anvisa, que passou a ter demandas mais urgentes.

Com isso, a planta só entrou em operação no final de abril deste ano, na cidade de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte (MG). A inauguração do local contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da ministra da Saúde, Nísia Trindade, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

As presenças dão o tom da importância da nova unidade. A fábrica passou a ser a única fabricante 100% brasileira de insulina glargina do país, com capacidade para produzir 20 milhões de frascos de biomedicamentos e a mesma quantidade de carpules (a “caneta” com insulina).

O Brasil vive um momento de escassez de insulina, que levou a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) a emitir um posicionamento para o uso racional de insulinas em hospitais. O país tem mais de 20 milhões de pessoas com diabetes, de acordo com a SBD, a quinta maior população diabética no mundo.

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“Temos uma capacidade muito grande. A unidade será muito importante para os brasileiros, pois representa a independência de insulina para o país”, afirma Renato Arroyo, CFO e diretor de Relações Institucionais da Biomm.

Arroyo destaca que, além da independência na produção do medicamento, a produção nacional proporciona não apenas segurança de fornecimento, como pode reduzir o custo, levando mais pessoas a terem acesso ao tratamento contra a doença. Segundo o CFO, cada percentual de queda de preço pode aumentar em até três vezes o acesso ao produto.

A própria insulina glargina seria um exemplo, diz Arroyo. Ela já chegou a ser cinco a seis vezes mais cara que a insulina humana, e hoje estão com valores mais próximos.

“Temos uma demanda crescente por insulina no mundo e no Brasil, puxada, principalmente, pelo aumento da expectativa de vida da população, mas também temos uma restrição de insumos como um todo. Por isso, é importante ter esse produto sendo feito aqui, o que pode representar uma qualidade de vida melhor, com uma rapidez de fornecimento e comercialização que hoje não temos. Estamos montando um portfolio grandioso com grande foco em diabetes.”

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A planta da fábrica também está habilitada a produzir outras classes de medicamento, além da insulina glargina e humana, como oncológicos e antitrombóticos. “Isso tudo demonstra que temos penetração em mercados diversos.” A Biomm tem 16 parcerias globais em biomedicamentos, alguns em processo de licenciamento e aprovação. E outros quatro sendo comercializados.

Uma das parcerias da Biomm é com a Fundação Ezequiel Dias (Funed) e a Wockhardt para um programa chamado de PDP (Parceria para Desenvolvimento Produtivo) de insulina no Brasil para fornecimento ao Sistema Único de Saúde (SUS). “Esse é um marco importante. É uma migração importante para a insulina glargina, que é mais nobre que a insulina humana, evita picos de glicemia. É a mais usada em países mais desenvolvidos.”

‘Ozempic brasileiro’

Entre as parceiras globais da Biomm está a indiana Biocon para produção da semaglutida, composto do Ozempic, o medicamento criado para tratamento de diabetes, mas que se popularizou como um poderoso auxiliar na redução de peso – e consequentemente da incidência da doença.

O produto original é da dinamarquesa Novo Nordisk e fez tanto sucesso no mundo que chegou a impactar na economia da Dinamarca. A expiração da patente será em 2026. Com isso, a Biomm se prepara para iniciar a produção do componente a partir de então.

Outra parceria da Biomm é com a biofarmacêutica chinesa Kexing para comercialização de liraglutida, fármaco sintético injetável similar ao Saxenda. Esse auxiliar na perda de peso também será comercializado no Brasil, após a expiração da patente, posterior aprovação regulatória pela Anvisa e a publicação do preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).

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