Farmacêutico nas Forças Armadas

Farmacêutico nas Forças Armadas

Das várias possibilidades de trabalho para o farmacêutico há também a atuação nas Forças Armadas. Entre as atividades que o profissional pode desenvolver no serviço militar, estão a dispensação ambulatorial, farmácia clínica, análise de medicamentos, ações de defesa civil e saúde pública, desinfestação ambiental, análise de água e alimentos, material de intendência e acompanhamento das tropas em operações militares. Vale observar que as três armas (Aeronáutica, Exército e Marinha) possuem laboratórios produtores de medicamentos, onde os farmacêuticos podem também atuar. Em todas as áreas as vagas podem ser disputadas por homens e mulheres.

Para o público masculino, o ingresso nas Forças Armadas pode ser feito desde por jovens de 18 anos que se enquadram na Lei de Prestação do Serviço Militar na condição de estudantes de Medicina, Farmácia, Odontologia e Veterinária (MFDV) até os profissionais formados que desejam seguir carreira militar de forma permanente ou temporária nessas áreas. Concorrem à seleção em caráter obrigatório os estudantes do sexo masculino do último semestre dos cursos de instituições de ensino superior nas áreas MFDV e também aqueles que tenham obtido adiamento de incorporação no momento em que deveriam se alistar no Serviço Militar Obrigatório (SMO). Ao término do curso, os estudantes devem obrigatoriamente se inscrever no processo de seleção para o SMO, podendo ser selecionados ou não. Caso sejam selecionados, deverão cumprir o serviço militar por, no mínimo, um ano, como oficiais temporários (ou oficiais da reserva de segunda classe – RM2), podendo, se assim desejarem e se houver interesse do serviço, permanecer nesta condição por até oito anos.

De acordo com o Ministério da Defesa, a quem as Forças Armadas estão subordinadas, médicos, farmacêuticos, dentistas e veterinários já formados, bem como graduandos do último semestre desses cursos, também podem concorrer à seleção em caráter voluntário. Nesta qualificação a seleção é aberta a pessoas de ambos os sexos, com no máximo 38 anos completados até 31 de dezembro do ano da convocação. O salário do farmacêutico está vinculado ao posto hierárquico que ocupará e pode variar, dependendo da arma, entre R$ 7.000 e R$ 11.000. Portal do ICTQ entrevistou com exclusividade os responsáveis de cada arma, que dão detalhes de como funciona o processo de seleção, a carreira militar e o serviço temporário para os profissionais farmacêuticos.

Aeronáutica

Na Aeronáutica, o farmacêutico pode atuar, basicamente, nas áreas hospitalar, de análises clínicas e industrial, neste caso, no Laboratório Químico-Farmacêutico da Aeronáutica (LAQFA). Os hospitais estão situados nas cidades onde há organizações militares da Aeronáutica. No site da instituição estão relacionadas todas essas unidades. Já o LAQFA está localizado na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. A unidade produz medicamentos para tuberculose, hipertensão e para proteção à glândula tireóide, em caso de acidentes nucleares. De acordo com o coronel farmacêutico João Vicente de Oliveira, diretor do LAQFA, a produção do laboratório é em função da demanda, porém sua capacidade instalada atual é de 36 milhões de unidades ao ano.

“As plantas fabris do LAQFA se encontram em adequação para produzir também medicamentos oncológicos e antirretrovirais, destinados ao atendimento da FAB, ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ao Centro de Manipulação Farmacêutica da Aeronáutica (CEMFAR)”, revela o coronel Oliveira. Para atuar no LAQFA, o farmacêutico deve possuir, no mínimo, habilitação em Farmácia Industrial ou especialização em Tecnologia Industrial Farmacêutica, sendo desejável experiência em indústria farmacêutica.

Coronel Oliveira destaca que o profissional pode ser convocado para operações militares, como apoio em campo, por exemplo, em ações de salvamentos, patrulhamento, treinamentos e em missões humanitárias no exterior. Nesses casos, sua atuação acontecerá principalmente nos Hospitais de Campanha (HCamp) da Força Aérea Brasileira (FAB). “O farmacêutico da Aeronáutica é um militar, portanto pode ser acionado eventualmente para atuar em missões em qualquer lugar do território nacional e do mundo.”

O HCamp tem como principal característica a mobilidade, podendo ser estruturado em qualquer local do País em 48 horas. O modelo usado pela FAB tem módulos (barracas) climatizados, os quais podem ser montados em diversas configurações, dependendo da necessidade, para o funcionamento de unidade de atendimento e emergência, raios-x, cirurgia, enfermaria, odontologia, centro de terapia intensiva, laboratório e farmácia.

Segundo o Comando-Geral do Pessoal, responsável pelo gerenciamento de recursos humanos na FAB, há duas formas de se tornar um oficial farmacêutico da Aeronáutica e trabalhar na área de saúde, inclusive no LAQFA. A primeira delas é por meio de concurso público de acesso ao Curso de Adaptação de Farmacêuticos da Aeronáutica, gerenciado pelo Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR), localizado em Belo Horizonte (MG). Após o curso, o militar ingressa no quadro de oficiais farmacêuticos da ativa da Aeronáutica. Ele sai do curso como primeiro tenente, podendo atingir o posto de coronel ao longo de 30 anos de serviço.

Já a segunda forma é pelo serviço voluntário e temporário, por meio de processo seletivo e análise de currículo, realizado pelo Serviço de Recrutamento e Preparo de Pessoal da Aeronáutica (SEREP) em todas as regiões do País. Ao ser incorporado para o estágio de adaptação, o convocado como militar temporário será declarado aspirante a oficial do Quadro de Oficiais da Reserva de Segunda Classe Convocados (QOCon), em sua especialidade, podendo atingir o posto de primeiro tenente por um período máximo de oito anos de serviço.

Exército

No Exército as principais áreas em que o farmacêutico pode atuar incluem: farmácia hospitalar e ambulatorial; logística de análises clínicas; saúde operacional (defesa química, biológica, radiológica e nuclear, logística hospitalar); controle de qualidade de água e alimentos; e indústria farmacêutica. O profissional é o responsável técnico pelo controle e dispensação de medicamentos, manipulação de medicamentos citostáticos, nutrição parenteral e saneantes, além da coordenação e realização de pesquisas clínicas nos laboratórios de análises clínicas.

De acordo com a major Marisa Mattos, chefe da Seção de Capacitação da Diretoria de Saúde, o farmacêutico pode atuar também em operações militares, como apoio em

campo, por exemplo, em áreas de fronteira, na Amazônia, e em missões humanitárias no exterior. “Sua atuação faz parte das ações operacionais e técnicas, como  o controle de qualidade de água, logística hospitalar e exames em hospitais de campanha”, revela a oficial.

Assim como na Aeronáutica, há no Exército uma unidade fabril de medicamentos, o Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército (LQFEx), localizado no bairro Triagem, no Rio de Janeiro. Desenvolve, fabrica, armazena e distribui medicamentos (anti-inflamatórios, analgésicos, hipoglicemiantes, antibióticos, cremes e pomadas) destinados às organizações militares de saúde, às farmácias ambulatoriais do Exército e ao Ministério da Saúde, por meio de planos estratégicos, que inclui, por exemplo, a produção de medicamentos para doenças negligenciadas e um imunossupressor.

No LQFEx, o farmacêutico atua nas diversas fases de produção e no controle de qualidade. Para ser incorporado à unidade, o profissional deve ser graduado em Farmácia e aprovado em concurso público para a Escola de Saúde do Exército (militares de carreira) ou por meio de seleção em editais disponibilizados pela Primeira Região Militar, onde está o laboratório, com demandas e especificidades pontuais, para militares temporários. Para outras áreas (hospitalar, ambulatorial etc.), os caminhos são os mesmos: concurso público para militar de carreira e seleção, por meio de editais, para temporários.

De acordo com o capitão Alberto André Oliveira, da Ouvidoria Setorial da Diretoria de Serviço

Militar, ao ser convocado, o militar temporário ingressa como aspirante a oficial, chegando até ao posto de primeiro tenente. Ele não tem a possibilidade de seguir carreira no Exército, podendo renovar sua participação anualmente até o limite de oito anos. No caso de militar aprovado em concurso público, ele é matriculado como oficial aluno na Escola de Saúde, podendo chegar ao posto de coronel.

Marinha

Segundo o capitão de fragata Renato Carlos Vieira Mangelli, chefe do Departamento de Administração da Marinha, o oficial farmacêutico pode atuar nas áreas de indústria farmacêutica, análises clínicas, farmácia hospitalar e análise de alimentos. “Ele está habilitado a operar na fabricação de medicamentos, realização de análises bioquímicas, dispensação e orientação do uso de medicamentos utilizados em hospitais e ambulatórios e na análise laboratorial de alimentos consumidos na Marinha.”

Assim como na Aeronáutica e no Exército, o militar farmacêutico, quando necessário e convocado, deve atuar no apoio às atividades de saúde nas operações de campo realizadas pela Marina, seja em navios ou em hospitais de campanha, atuando na realização de análises clínicas, controle de qualidade da água e, também, na guarda, controle e dispensação de medicamentos.

O farmacêutico tem no Laboratório Farmacêutico da Marinha (LFM) uma das possibilidades mais interessantes de desenvolver seu trabalho. O LFM está situado no bairro de Benfica, no Rio de Janeiro, e produz medicamentos nas apresentações de comprimidos simples e revestidos, cápsulas, soluções e suspensões. No portfólio do LFM, encontram-se analgésicos não narcóticos, antiácidos, antianginosos, anti-infecciosos, anti-inflamatórios reumáticos, antimaláricos, antipsicóticos, broncodilatadores, hansenostáticos, tuberculostáticos, vasodilatadores, vitaminas e suplementos minerais, além de medicamentos para esclerose lateral amiotrófica e supressor da reabsorção óssea.

Além de atender parte da demanda de medicamentos da Marinha, o capitão de fragata

Mangelli lembra que o LFM atua em parceria com o Ministério da Saúde, “produzindo medicamentos de alto valor agregado de uso em saúde pública, gerando grande economia ao SUS”. Produz também medicamentos de pouco interesse ao setor farmacêutico privado, devido à baixa demanda, mas de grande relevância, como medicamentos para tratamento de doenças negligenciadas, como tuberculose, malária, doença de Chagas, dentre outras. Sua capacidade produtiva operacional é de aproximadamente 200 milhões de unidades por ano. “O LFM contribui ainda com o ensino e a pesquisa no segmento industrial farmacêutico”, completa Mangelli. Para atuar no LFM, o farmacêutico deverá possui especialização em Farmácia Industrial, preferencialmente com cursos em pós-graduação, mestrado e doutorado nessa área específica.

O ingresso do farmacêutico na Marinha ocorre por intermédio da prestação de concurso público para o Quadro de Apoio à Saúde do Corpo de Saúde da Marinha (CSM). Após o curso de formação de oficiais, ele iniciará sua carreira como primeiro-tenente, podendo alcançar o posto de capitão de mar e guerra. O profissional pode, também, ingressar como oficial temporário (RM2), por intermédio de processo seletivo, chegando ao posto de primeiro-tenente e permanecendo na ativa por até oito anos. A idade limite para concorrer no processo seletivo é de 45 anos. Uma terceira possibilidade é a prestação de concurso para os quadros de funcionário civil da Marinha, quando esses concursos públicos são autorizados. Em princípio, não há idade limite nesta modalidade. Para o concurso público de ingresso no CSM são estabelecidos no edital os parâmetros físicos e de saúde, que serão avaliados na inspeção. Também é realizado um teste de suficiência física como parâmetro para o ingresso. Segundo Mangelli, há farmacêuticos presentes em todos os Distritos Navais, cobrindo a extensão do território nacional. Contundo, o maior contingente desses profissionais está concentrado na cidade do Rio de Janeiro.

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