Como é trabalhar na Raia Drogasil, maior do País

A Raia Drogasil (RD) é a maior rede de drogarias do Brasil, com mais de 1,7 mil lojas em operação. Única companhia de alcance nacional, ela está presente em 22 estados e continua em processo de expansão. Segundo o balanço do grupo referente ao segundo trimestre de 2018, a receita bruta do período foi de R$ 3,8 bilhões, crescimento de 11,6%, com um lucro líquido de R$ 141,8 milhões. A RD reiterou o guidance de 240 aberturas brutas por ano para 2018 e 2019. Nos meses de abril, maio e junho de 2018, ela entrou no Pará com a abertura de três lojas, em Belém.

Criada em novembro de 2011 a partir da fusão entre Raia S.A. e Drogasil S.A., a RD, atualmente, é formada pelas seguintes empresas: Droga Raia, Drogasil, Farmasil, 4Bio e Univers, estas duas últimas das áreas de medicamentos especiais e plataforma de gestão de saúde, respectivamente. Entretanto, os principais pilares do modelo de negócios são as bandeiras Droga Raia e Drogasil, duas das marcas mais conhecidas do varejo brasileiro, que, juntas, totalizam mais de 190 anos.

Quando a fusão foi anunciada, a Drogasil era a segunda maior rede de farmácias do País – perdia apenas para a Drogaria São Paulo – e a Raia, a terceira. As empresas se completavam em público e localização. A Drogasil vendia mais para pessoas da terceira idade, enquanto a Raia para clientes de até 40 anos.

Em abrangência, a Raia tinha lojas no Sul do País e a Drogasil em Minas Gerais, Goiás e Espírito Santos. Elas competiam apenas nos mercados do Rio de Janeiro e São Paulo. Os maiores ganhos da fusão foram a união das áreas administrativas e de tecnologia da informação.

Ausência nos rankings atuais

Apesar do gigantismo, da projeção nacional das marcas e do market share de 12%, a RD não aparece nos principais rankings de melhores empresas para se trabalhar.

No mais renomado deles, o Great Place to Work, em 2018, a RD não está entre as 20 mais, assim como nenhuma outra rede do varejo farmacêutico. A companhia também não aparece nos rankings de 2016 e 2017.

O Guia VOCÊ S/A – As 150 Melhores Empresas para Trabalhar traz o Índice de Felicidade no Trabalho. Na pesquisa de 2017, nenhuma rede do varejo farmacêutico é citada entre as melhores.

Entre 50 Mais Amadas da Love Mondays, pesquisa que traz opiniões declaradas por profissionais de mais de 125 mil empresas de todo o País ao longo de 2017, encontram-se apenas industrias farmacêuticas, mas nenhuma rede do varejo.

A RD também não aparece no ranking mais recente da Infojobs, que traz as 100 melhores empresas para trabalhar no Brasil. Na 100ª posição, quem dá as caras é a Drogaria Galanti, única varejista do segmento farmacêutico a constar na lista. Vale destacar que esse ranking se atualiza mensalmente. Então, consulte com frequência para ver o que mudou na opinião dos profissionais.

Por outro lado, no guia Melhores e Maiores da Exame, divulgado em agosto de 2018, a RD ocupa a 11ª posição no ranking das empresas mais empregadoras do Brasil; e a 18ª posição na classificação das empresas que mais pagaram salários em 2017.

Boa pontuação em oportunidade de carreira

Com um quadro de seis mil profissionais farmacêuticos atuando Brasil afora, nossa equipe de jornalismo foi investigar como é trabalhar na RD.

Na plataforma Infojobs, a pontuação média da RD é de 4.2, de um total de 5 pontos, com base em 6.361 avaliações sobre Oportunidade de Promoção, Conciliação com a Vida Familiar, Ambiente de Trabalho e Benefícios. Individualmente, a maior pontuação é em Oportunidade de Promoção (4.2) e a menor em Conciliação com a Vida Familiar (3.4). Cerca de 90% dos profissionais que opinaram indicariam a RD para um amigo e 83% aprovam a diretoria (com base em 1.955 avaliações).

A Infojobs criou um comparativo salarial médio, de acordo com as remunerações informadas no portal. Na lista das 31 empresas, dez são do varejo farmacêutico. Lideram o ranking a Drogalis (R$ 4.494/ao mês) e a Drogarias Farmais (R$ 4.133/mês), seguidas de Drogaria Onofre (R$ 3.957/mês), Pague Menos (R$ 3.852/mês) e Grupo DPSP (R$ 3.550/mês). Na 6ª posição, aparece a RD, com uma média salarial para farmacêuticos de R$ 3,5 mil ao mês. Importante destacar que essas informações foram fornecidas à plataforma Infojobs por profissionais.

Segundo a plataforma de oportunidades profissionais Love Mondays, a satisfação geral dos funcionários com a companhia é de 3.2, de um total de 5 pontos, com base em 413 avaliações. Essa pontuação considera a média de pontos obtidos em Remuneração e Benefícios, Oportunidade de Carreira, Cultura da Empresa e Qualidade de Vida. A categoria Qualidade de Vida tem a menor pontuação (2.43), enquanto Oportunidade de Carreira dispara na frente de todas as outras, com 3.9.

No portal, a média salarial fica em torno de R$ 3.770, com 514 salários postados. Entre os profissionais que já trabalharam ou trabalham na empresa, 72% recomendariam a um amigo. Interessante notar que os cargos com mais entrevistas de emprego são Atendente I e Farmacêutico, nessa ordem.

No portal da Catho, classificado online de empregos, os profissionais também podem avaliar as empresas. A pontuação média da RD é 3.4, com base em 391 avalições. Novamente, a categoria Oportunidade de Carreira é a melhor classificada, com nota 3.7. Em seguida, vem Ambiente de Trabalho (3.3), Benefícios (3.0), Alta Gerência e Diretoria (2.9) e Qualidade de Vida (2.5). O nível de estresse foi classificado como alto.

Importante observar que essas avaliações e pontuações foram apuradas em 26 de setembro de 2018, no fechamento dessa matéria.

Ponto de vista da Raia Drogasil

De acordo com a RD, o farmacêutico é o profissional que garante as boas práticas e a assistência farmacêutica dentro da farmácia, ou seja, suas atividades vão desde o momento em que o produto chega até a dispensação dele ao paciente. Os seis mil farmacêuticos da companhia são responsáveis pelo atendimento ao cliente, treinamento de equipe, controle de medicamentos psicotrópicos, aplicação de injetáveis, entre outras funções. “Pelo seu poder de liderança, o farmacêutico é um exemplo para equipe. Por isso, a rotina dele é voltada para o atendimento ao cliente, esclarecendo dúvidas relacionadas a medicamentos e receitas, além de auxiliar na formação técnica da equipe de novos balconistas”, explica a RD.

Como principais responsabilidades, a empresa exige que se tenha ética profissional, que se cumpra a legislação, que se tenha empatia e qualidade no atendimento, que se promovam as boas práticas farmacêuticas e a assistência farmacêutica, que se preze pela qualidade dos produtos e que o farmacêutico seja um multiplicador de conhecimentos. “Ele é o responsável pela organização dos produtos e controle dos psicotrópicos e pelos serviços de saúde. O farmacêutico também deve ser um líder, dando suporte ao treinamento da equipe, entre outras atividades”, informa a companhia.

Para contratar, a RD pede boa comunicação, boa postura, proatividade, conhecimento técnico, português e matemática básicos e registro ativo no Conselho de Farmácia. “Exigimos que seja maior de 18 anos e que tenha ensino superior completo em Farmácia.”

O plano de carreira para farmacêuticos na RD, bem pontuado nas avaliações da Love Mondays e da Infojobs, dá possibilidades ao profissional de se desenvolver não somente na carreira farmacêutica, mas também na carreira gerencial, podendo se tornar um gerente farmacêutico de loja ou gerente regional. “Quem faz a escolha do caminho a seguir é o próprio farmacêutico. Nosso plano de carreira é bem estruturado e baseado em uma trilha de desenvolvimento à medida que a profissional ganha experiência com suas atividades do dia a dia da loja”, diz a empresa.

Ponto de vista de quem já trabalhou na rede

Portais como Infojobs, Love Mondays e Catho são termômetros do que se pode encontrar nas empresas brasileiras. A favor da RD estão pontos positivos como plano de carreira – algo bastante citado – pagamento em dia, benefícios – plano de saúde, inclusive –, bons treinamentos internos, participação nos lucros, boa infraestrutura das lojas, entre outros.

Pesam contra a empresa pontos negativos como carga horária exaustiva, desvios e acúmulo de funções, cobrança excessivas por metas – o que eleva o nível de estresse –, vale-alimentação de baixo valor, gerência despreparada e autoritária, revistas íntimas diárias, nível elevado de estresse devido às cobranças, entre outros.

A farmacêutica Maria Carolina Müller, de 26 anos, que mora em São Leopoldo, trabalhou na Droga Raia de maio de 2017 a maio de 2018, com um salário de R$ 3.340,81.  De positivo, ela destaca o plano de carreira. “Era bastante motivador. Ou você segue sendo farmacêutico ou pode então se tornar um gerente farmacêutico. Optando por ser apenas farmacêutico de balcão, após determinado tempo de empresa, podemos realizar uma prova para subir de nível, o que acaba nos tornando referência no estado”, conta a farmacêutica.

Maria Carolina tem muitas histórias para contar, mas gosta de relembrar a de um cadeirante, que entrou na farmácia acompanhado do filho e da esposa. “Eles foram comprar medicamentos, mas notamos que o cadeirante não reagia a nenhum estímulo. Foi quando uma balconista prontamente foi ao encontro dele e lhe estendeu a mão, ficando ali até a emergência chegar. Dias depois, o filho voltou para agradecer: tínhamos salvado a vida do pai, que tinha sofrido um AVC.”

Sobre os benefícios oferecidos, Maria Carolina cita o plano da saúde. “Quando menos esperava, precisei realizar uma cirurgia com urgência e sei que, sem o plano, dependeria do SUS. Por outro lado, o vale-alimentação era e continua uma vergonha. Dependendo do mês, não passa de R$ 85”, avalia.

De negativo, a farmacêutica cita o desvio de função e a sobrecarga de atividades. “Nossas atribuições chegavam a se estender ao caixa. Era uma correria, pois não havia funcionários suficientes para o atendimento. Quando sobrava algum tempo para realizarmos as atividades pertinentes ao cargo de farmacêutico, não conseguimos, pois já tínhamos perdido muito tempo em outras funções. Por vezes, somos vistos mais como um balconista do que como um farmacêutico, que é o que somos”, desabafa Maria Carolina, que não voltaria a trabalhar na empresa, porém disse ter aprendido muito por lá.

Para a farmacêutica M.L.P., 38 anos, de Recife, que preferiu não se identificar, trabalhar na Drogasil foi uma experiência intensa. Ela esteve na empresa entre 2015 e 2017 com um salário médio de R$ 4 mil. “Muitos aprendizados, tanto profissionais – vários treinamentos sobre liderança – quanto pessoais. Na empresa, aprendi, por exemplo, em como não tratar as pessoas, os subordinados. Presenciei situações de humilhação. A gente não podia opinar se a nossa opinião fosse diferente da opinião da gerência”, conta ela.

Em relação às atividades profissionais, M.L.P cita responsabilidades como limpar e organizar prateleiras e produtos e gerir a equipe. “Por vezes, fiquei responsável pela loja, recebi carro forte, cuidei de caixa. Isso dependia de gerente para gerente, mas, caso a gente não quisesse fazer, não éramos bem-conceituados na empresa para futuros treinamentos ou promoções. Eram atividades que não constavam em contrato, mas havia aquela sugestão de que se você não fizesse sempre haveria outros para o seu lugar”, abre ela.

De bom, a farmacêutica traz a experiência com a atenção farmacêutica. “Tive alguns pacientes que me tinham como profissional de confiança e amiga. Fiquei particularmente emocionada quando a esposa de um cliente meu, que ia sempre aviar a receita dela comigo, faleceu. Ele foi à loja me contar o ocorrido e disse que tinha carinho por mim. Até passou a comprar em outra loja quando fui promovida a responsável técnica e tive de trocar de drogaria”, relembra ela.

Questionada se voltaria a trabalhar na Drogasil, M.L.P responde: “sou grata por tudo o que vivi na empresa. Tenho muito carinho, apesar de tantos percalços. Se fosse uma escolha, provavelmente ela não seria minha primeira opção, porque eu tinha a sensação de que a empresa realmente acreditava que estava me fazendo um favor em ter me contratado. Sempre havia a ameaça de que eu poderia perder o emprego a qualquer momento e, por isso, vivia estressada. Eu não poderia falhar nunca”, encerra ela.

De julho de 2015 a agosto de 2018, Carlos Alberto Amorim, 31 anos, de São Paulo, trabalhou como responsável técnico na Drogasil com um salário de R$ 4,5 mil. Segundo ele, tinha como responsabilidades organizar a equipe e a loja, promover treinamento de funcionários, resolver problemas do cotidiano em relação a clientes e estrutura, entre outras. Na atenção farmacêutica, aplicava injetáveis, tirava dúvidas de pacientes pelo telefone, fazia o lançamento de psicotrópicos no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).

Enquanto para a maioria o plano de carreira da RD é um ponto positivo, para Amorim não era vantajoso financeira nem profissionalmente. “Os gerentes são maltratados descaradamente na frente de todos os funcionários por diretores e gerentes regionais”, conta ele, que cita também o baixo valor do vale-alimentação: R$ 3,50 por bilhete.

Ainda de negativo, Amorim destaca as regras antiquadas. “Éramos revistados diariamente e cobrados por metas nas vendas de medicamentos, o que eu acho um absurdo”, conta.  “Somos obrigados a cuidar da farmácia até mesmo para evitar furtos. Até aí tudo bem, eu concordo, porém, quando somos assaltados na loja, a empresa se retrai e não ajuda o funcionário. Por exemplo, não há reembolso dos pertences roubados, e as lojas não possuem seguranças com horários até tarde da noite”, completa.

As histórias engraçadas são muitas. “Desde mulheres que tiram a roupa para aplicação de injetáveis a clientes compulsivos, que tomam diversos medicamentos sem necessidade e por pura curiosidade”, relata Amorim.

Diego Valença, que trabalhou por dez meses na Drogasil de Aracaju, destaca a dificuldade para estudar enquanto esteve na empresa. “Não costumam liberar o farmacêutico para fazer treinamentos externos ou ir a congressos, por exemplo. Tinha muita vontade de fazer uma pós-graduação presencial, mas não consegui encaixar dentro dos meus horários porque a escala de trabalho era pouco flexível”, conta ele. De bom ficou a experiência. “Foi o meu primeiro emprego.”

Sobre as críticas de ex-funcionários, a RD diz, em nota, que “é uma companhia com mais de 100 anos de existência, que emprega mais de 32 mil funcionários em mais de 1,7 mil lojas, situadas em 22 estados do País. Somos uma empresa que preza pela diversidade e o respeito aos indivíduos. Não fazemos revista íntima, nem usamos qualquer outra prática que faça alusão ao constrangimento ou desrespeito. A RD é uma empresa íntegra e trabalha de acordo com as leis vigentes no País. Os nossos valores são baseados na ética e nas relações de confiança, valorizando o ser humano dentro e fora da empresa”.

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