Atualmente, esta categoria de medicamentos classificada com a tarja vermelha só deveria ser comercializada com a apresentação da receita. Na prática, é comum que ela não seja exigida e, por isso, clientes sem o documento conseguem comprar os medicamentos.
A decisão foi tomada pela Anvisa depois da divulgação de uma carta pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) na qual os médicos defendiam a necessidade de um maior controle na prescrição dessa classe de medicamentos.
Em seus votos, os diretores da agência destacaram que existe a necessidade de proteger a população do uso irracional desses medicamentos que foram desenvolvidos para diabetes, mas acabaram sendo também indicados para a obesidade.
Obesidade, desafio de saúde global
Atualmente, mais de um bilhão de pessoas vivem com obesidade no mundo. No Brasil, 56% dos adultos têm obesidade ou sobrepeso. O problema é um desafio de saúde global e há poucas opções farmacológicas para ele.
A doença é multifatorial e envolve questões genéticas, sociais, culturais, econômicas e ambientais. A obesidade está associada a complicações como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, doença hepática gordurosa não alcoólica e reduz a expectativa de vida.
Receba nossas notícias por e-mail: Cadastre aqui seu endereço eletrônico para receber nossas matérias diariamente
Estudos recentes mostram que a perda de peso com medicamentos está se aproximando de magnitudes próximas àquelas alcançadas com a cirurgia bariátrica.
O que é e como funcionam os inibidores de apetite?
Medicamentos desenvolvidos para diabetes acabaram sendo também indicados para a obesidade. Ozempic e Wegovy, por exemplo, têm como princípio ativo a semaglutida. Há ainda a substância liraglutida, usada nos medicamentes Victoza e Saxenda.
As drogas prometem a perda de até 17% da massa corporal em um ano, mas também têm sido procuradas por pessoas que querem emagrecer rápido, sem indicação para o tratamento com a substância, o que pode trazer riscos à saúde.
A semaglutida é uma substância que substitui a ação de um hormônio chamado GLP1, produzido naturalmente no intestino.
Ela atua nas seguintes regiões do organismo:
- hipotálamo, responsável por controlar a saciedade;
- no fígado, reduz a produção de glicose;
- e no pâncreas, estimula a produção de insulina.
A importância do acompanhamento médico durante o tratamento
Médicos ouvidos pelo g1 já destacaram a importância do acompanhamento nutricional e médico durante o uso de inibidores de apetite, assim como a orientação de consumo de proteínas numa quantidade adequada durante o uso desses medicamentos.
A diretora da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), Cynthia Valério, informa que o consumo adequado de proteínas garante que a perda de peso seja mais sustentável no longo prazo.
“O uso recreativo ou estético das medicações - pessoas que fazem reduções drásticas e bruscas do aporte de proteínas e que muitas vezes são sedentárias – gera um impacto na composição corporal pode ser até catastrófico. As pessoas ficam realmente desnutridas, com uma perda de massa muscular importante”, alerta a médica.
Quem não pode usar?
- As canetas são contraindicadas para pessoas que têm alergia a qualquer componente do medicamento.
- Pacientes com histórico de pancreatite.
- Se a pessoa ou alguém da família teve ou tem um tipo de câncer de tireoide chamado carcinoma medular de tireoide (CMT) também é contraindicado.
- E claro, ele não é indicado para grávidas e lactantes.
-
publicidade inserida(https://ictq.com.br/pos-graduacao/3328-pos-graduacao-farmacia-clinica-e-prescricao-farmaceutica)
Quais os efeitos colaterais?
As canetas podem causar efeitos colaterais, principalmente, no sistema gastrointestinal. Náusea e vômito estão entre os mais comuns. Até por isso, muita gente acredita que a perda de peso esteja relacionada a esses eventos.
Outros possíveis efeitos colaterais são:
- Diarreia;
- Constipação;
- Inflamação do estômago (gastrite);
- Refluxo ou azia;
- Dor abdominal;
- Dor de cabeça;
- Sensação de fraqueza e cansaço;
- Indigestão;
- Flatulência;
- Gastroenterite;
- Doença do refluxo gastresofágico; e
- Cálculo biliar.
Segundo a Novo Nordisk, fabricante dos remédios à base de semaglutida, a maioria dos eventos tem gravidade leve a moderada e acontece de forma transitória, ou seja, dura dias ou poucas semanas).
Riscos no pâncreas: A bula das canetas alerta para um efeito colateral grave, mas incomum: a pancreatite. Segundo o documento, pode afetar até 1 em 100 pessoas. Segundo Cynthia Valério, endocrinologista e diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), os medicamentos não causam a pancreatite, mas, se o paciente tiver histórico, ele não deve usar as canetas.