Com um projeto agressivo de atingir mil lojas até 2017, a Rede de Farmácias Pague Menos fechou 2015 com 828 pontos de venda. Neste ano serão 918. Parece que o fundador e presidente da Rede, Deusmar Queirós, nem se deixou levar pela crise, já que ele vai na contramão de todos os prognósticos feitos por economistas e especialistas do mercado sobre a retração da grande maioria dos mercados no Brasil.
Assim, em meio à maior taxa de desemprego no País desde maio de 2007, que deve atingir dois dígitos neste ano, a Pague Menos agregou mais dois mil colaboradores ao quadro em 2015, perfazendo um total de 19 mil funcionários.
A Pague Menos inaugurou, no ano passado, um centro de distribuição em Goiânia, com uma área de armazenagem de 400 mil metros cúbicos, o maior da América Latina para o setor. “Com ele, vamos expandir a nossa atuação nas regiões Sudeste e Sul. Hoje, estamos mais presentes no Nordeste, Norte e Centro-Oeste”, revela o presidente da Rede, com todo o otimismo que lhe é peculiar. Acompanhe entrevista exclusiva ao ICTQ de Deusmar Queirós.
ICTQ – Qual foi o investimento para a abertura de suas lojas no ano passado- 2015?
Deusmar Queirós – Nós fizemos importantes investimentos em 2015, não só na abertura de novas lojas, mas também em reformas e na aquisição de novas tecnologias, como softwares para relacionamento com o cliente. Investimos em torno de 120 milhões de reais.
ICTQ – O senhor aposta muito no modelo de drugstore, certo?
Deusmar Queirós – Sim. Vendemos de tudo: biscoito, sorvete, chocolate, sandália, bola de futebol, itens de higiene e beleza e medicamentos. Mas claro que nós não deixamos de dar assistência à população em nossas clínicas farmacêuticas.
ICTQ - Quais os principais desafios para os varejistas da sua área?
Deusmar Queirós – Ainda é a regulamentação. Nós temos uma ideia e essa ideia funciona no mundo todo, no Canadá, nos Estados Unidos. A clínica farmacêutica já existe há muito tempo. Eu já estou implantando este modelo em minhas farmácias... eu me adiantei. Eu parto do seguinte princípio: eu não pago para ver, eu creio para ver. Eu faço acontecer para depois ver o resultado. Isso vai dar certo.
ICTQ – E como estão as clínicas farmacêuticas em suas unidades?
Deusmar Queirós – Estamos com mais de 30 unidades distribuídas pelo Brasil. As Clinic Farma são salas, dentro das Farmácias Pague Menos, exclusivamente criadas para a prestação de serviços farmacêuticos, como acompanhamento do tratamento prescrito pelo médico, revisão da medicação, esclarecimento de dúvidas, acompanhamento para clientes com diabetes, hipertensão, risco cardiovascular, asma e obesidade, entre outras ações.
ICTQ – O atendimento é pago?
Deusmar Queirós – Não. O atendimento é gratuito, acontece individualmente em uma sala privativa e está aberto ao público em geral.
ICTQ - Como o senhor está capacitando seus farmacêuticos para essas suas clínicas farmacêuticas?
Deusmar Queirós – Nós temos um grupo que está treinando os farmacêuticos especificamente para o atendimento da população. Além disso, há também parceiros, como o ICTQ, para a capacitação de nossos colaboradores. Nós daremos mais de 300 mil horas de treinamento este ano – 2016.
ICTQ - Como o senhor vê a entrada de gigantes estrangeiras no Brasil, como a CVS?
Deusmar Queirós – Deus queira que eles venham! Porque eles sabem fazer conta. Pode vir quem quiser. Nós não iremos dar moleza para eles. A CVS tem 8 mil lojas nos Estados Unidos, e aqui tem apenas 50.
ICTQ - O senhor não perderá mercado com isso?
Deusmar Queirós – Não, pelo contrário, isso aumentará nosso mercado.
ICTQ - O senhor acha que a tendência deste mercado é crescer muito mais aqui?
Deusmar Queirós – A tendência é ter grandes redes nacionais. Os estrangeiros têm lojas de 2 mil metros quadrados, as nossas lojas têm só 300 metros quadrados. Para se estabelecer aqui eles terão de se adaptar e isso será muito difícil. Por isso eles não vêm em grande escala, e o mercado é nosso.
ICTQ – Eu sei que o senhor costuma ser muito otimista, mas algo mudou em sua gestão por conta da crise?
Deusmar Queirós – Não mudou nada, porque na Pague Menos não tem crise. Quem cresce 16% ao ano não tem crise. Em 2015 fechamos com 16%. Em 2016 fecharemos com 17% de crescimento e no próximo ano com 18%. E ainda estou sendo pessimista, porque a minha média dos últimos 10 anos tem sido de mais de 20%.
ICTQ - O senhor tem interesse em abrir lojas fora do Brasil?
Deusmar Queirós – Ainda não, quero dizer, interesse eu tenho. Eu quero abrir lojas nos EUA, no Japão e no mundo todo, só que não está na hora. O Brasil tem 70 mil farmácias, cabem mais redes de 5 mil lojas. Tenho muito como crescer ainda aqui.
ICTQ – E a abertura de capital? Está pronta?
Deusmar Queirós – Sim. Está pronta desde 2012. Só que o mundo não quer comprar no Brasil. Não é o momento.
ICTQ – E um processo de franquia? Está nos seus planos?
Deusmar Queirós – Não. É muito perigoso. Se quebrar uma Pague Menos franquiada vão dizer que a rede quebrou. É perigosíssimo. E o pior: como ficam os medicamentos? Se derem uma injeção e acontecer um choque anafilático, eu serei responsabilizado pela atuação da franquia. Não quero isso. Tudo tem de estar sob o meu comando.
ICTQ – Como tem sido o suporte da indústria neste momento de incerteza econômica?
Deusmar Queirós – O apoio está sendo muito consistente. Inclusive a indústria está fazendo um trabalho muito bom de logística para não haver ruptura. Porque, quando tem ruptura os laboratórios perdem também. Então, no Brasil, a indústria tem se mostrado uma grande parceira.
ICTQ – O que o senhor diria para o varejista, especialmente o pequeno?
Deusmar Queirós – Inove. Aquela história de que faz 30 anos que eu faço do mesmo jeito não está mais funcionando...por isso, inove. É fundamental ter uma liderança muito forte para atravessar este momento de incerteza, este momento turbulento. Acredite na revolução digital que está aí, firme e forte. Invista em produtividade. Faça mais com menos. Aí você consegue sair da crise. Anote aí os quatro pilares: liderança, inovação, produtividade e tecnologia.
Sobre a Pague Menos:
As Farmácias Pague Menos estão presentes nos 26 Estados e no Distrito Federal. Mantêm um crescimento médio anual (CAGR) de 20% nos últimos dez anos, um dos maiores índices de crescimento contínuos do Brasil. Contam com mais de 800 lojas e cerca de 19 mil colaboradores que atuam em aproximadamente 300 municípios. Com sede na capital cearense, a rede figura também com destaque no ranking das Melhores & Maiores do Brasil da revista Exame, edição 2015: ocupa a 133ª colocação geral e é a 11ª maior nas regiões Norte e Nordeste.